quinta-feira, 30 de julho de 2020

Compostos orgânicos Fórmulas estruturais e principais classes

Professor de Matemática e Biologia Antônio Carlos Carneiro Barroso
Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com
www.youtube.com/accbarroso1


Os humanos têm usado os compostos orgânicos e suas reações por milhares de anos. Sua primeira experiência deliberada com uma reação orgânica data, provavelmente, da descoberta do fogo. Os egípcios antigos usavam os compostos orgânicos (índigo e alizarina) para tingir roupas. Tanto a fermentação de uvas, para produzir álcool etílico, quanto a qualidade ácida do "vinho azedo" são descritas na Bíblia.

O álcool faz parte de um rol de compostos orgânicos que já ultrapassa em muito a casa dos milhões e que é estudado por uma divisão da química responsável por analisar os compostos que apresentam o elemento carbono em sua composição: a Química Orgânica.

Os compostos de carbono são centrais para a vida em nosso planeta, incluindo-se desde o DNA - as moléculas helicoidais gigantes que contêm toda a informação genética (Figura 1) - até o metano, que contém um único átomo de carbono (Figura 2).



Figura 2: Estrutura do metano


Uma grande vantagem da teoria estrutural é que ela nos permite classificar o grande número de compostos orgânicos em um número relativamente pequeno de famílias, com base nas suas estruturas.

Grupo funcional
As moléculas de compostos orgânicos de uma família são caracterizadas pela presença de um determinado arranjo de átomos denominado grupo funcional.

Um grupo funcional é a parte da molécula onde as suas reações químicas ocorrem; é a parte que efetivamente determina as propriedades químicas do composto (e muitas das suas propriedades físicas também).

Os hidrocarbonetos - um grupo funcional bastante estudado no Ensino Médio - são compostos cujas moléculas contêm apenas átomos de carbono e hidrogênio. Vejamos alguns exemplos na tabela a seguir:

Vejamos também exemplos de estrutura de outros hidrocarbonetos:

O etano apresenta dois átomos de carbono e seis átomos de hidrogênios; o eteno, conhecido como etileno, é composto por dois átomos de carbono e quatro de hidrogênio; já o acetileno (ou etino) é composto por dois átomos de carbono e apenas dois átomos de hidrogênio; quanto ao benzeno, por seis átomos de carbono e de hidrogênio (Figura 3).




Subclassificação
Na família dos hidrocarbonetos também existe uma subclassificação, formada pelos alcanos (hidrocarbonetos formados por ligações simples: metano, etano e propano); pelos alcenos (hidrocarbonetos formados por ligações duplas carbono-carbono: eteno e propeno); e pelos alcinos (hidrocarbonetos formados por ligações triplas carbono-carbono, como, por exemplo, o etino e o propino).

Essas substâncias apresentam, além de outras funções orgânicas, regras específicas que justificam seus nomes. Mas essas regras não serão abordadas neste texto.

Conhecer a estrutura dos compostos orgânicos ajuda a identificar as substâncias orgânicas e as famílias (grupos funcionais) a que elas pertencem. Examine a tabela a seguir, que reúne vários dos grupos funcionais. Para simplificar o entendimento das funções na tabela, identifica-se apenas o grupo funcional, sendo "R" um substituinte alquila (radicais derivados de alcanos) ou arila (um radical orgânico derivado de um anel benzênico)


Observando as estruturas
A função orgânica álcool, citada no ínicio do texto, apresenta em sua estrutura uma ou mais hidroxilas ligadas a carbonos saturados (carbonos com ligações simples), ou seja, o grupo OH ligado a algum carbono. Veja o exemplo do 1-propanol na tabela.

O grupo carbonila - uma ligação dupla ligada ao oxigênio - é, provavelmente, o grupo funcional mais importante encontrado nas substâncias orgânicas. Substâncias que contêm o grupo carbonila são abundantes na natureza. Muitas desempenham um papel importante nos processos biológicos. Hormônios, vitaminas, aminoácidos, fármacos e flavonóides são apenas alguns exemplos de substâncias carboniladas que nos afetam diariamente.

Um grupo acila consiste em um grupo carbonila ligado a um grupo alquila ou arila:

Enfim, podemos identificar muitas das substâncias orgânicas com facilidade se observarmos como suas estruturas se apresentam. Essa identificação é importante para que possamos verificar o comportamento dos compostos orgânicos nas reações químicas - e até mesmo nomeá-los.
*Erivanildo Lopes da Silva e Marcus Vinicius Bahia são professores do curso de Química da Universidade Federal da Bahia (campus ICADS-Barreiras).

Transtornos alimentares Entenda o que são bulimia e anorexia


Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com        



Karen Carpenter, vítima da bulimia
Os temas alimentação e transtornos alimentares nunca estiveram tão em alta quanto nos dias atuais. Nos jornais, na TV, na Internet, fala-se com freqüência sobre novos métodos e dietas milagrosas para emagrecer, sobre a necessidade de exercícios físicos e até sobre os riscos que os excessos na dieta e na ginástica podem provocar.

Teoricamente, toda essa discussão ocorre em nome da saúde e da obtenção e manutenção de um corpo belo, de acordo com os critérios da sociedade atual. Sim, porque, historicamente, o padrão de beleza mudou muito das volumosas mulheres do passado, até chegarmos às top models super-magras da atualidade.

No Renascimento, por exemplo, uma mulher linda deveria ter uma certa quantidade de gordura e formas arredondadas. Isso era uma garantia de que ela poderia gerar filhos saudáveis e ter condições de alimentá-los bem no primeiro ano de vida. Veja, por exemplo, como era rotunda a beleza das mulheres retratadas por da Vinci, Botticelli e Michelangelo.

Na verdade, ninguém deveria se preocupar em ir nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Um ideal saudável de beleza talvez estivesse no equilíbrio entre estes dois extremos, havendo respeito às características genéticas de cada um e à sua estrutura física, com o consumo de uma dieta equilibrada conforme as atividades diárias exigem. Do mesmo modo, com a prática moderada de exercícios físicos, devidamente acompanhada por um especialista. Afinal, o objetivo é ter saúde e não desenvolver nenhum transtorno alimentar.

O que são transtornos alimentares?
Algumas pessoas desenvolvem desequilíbrios alimentares, como bulimia e anorexia, tornando-se assim extremamente magras. Estes transtornos não são novidades e um exemplo célebre disso ocorreu na década de 80, com a cantora Karen Carpenter, da banda The Carpenters (muito famosa nos anos 70). Karen vivia fazendo dieta. Isso perdurou muitos anos. Quando percebeu o problema e começou a se tratar, melhorou um pouco, mas logo morreu, em 1983. Devido à anorexia, a desnutrição afetou seu sistema cardíaco. Ela acabou sofrendo uma parada cardíaca.

Bulimia
Vamos examinar melhor as diferenças entre estes dois transtornos alimentares. Para começar, a bulimia. A origem dessa palavra é grega e compõe-se de bous (boi) e limos (fome). Referindo-se ao fato de os bois serem ruminantes, a palavra designa as pessoas que ingerem alimentos exageradamente e, depois, procuram eliminá-los por meio do uso de laxantes ou provocando o vômito.

O problema é que essa prática se torna rotineira, repetindo-se de duas a três vezes por semana. A partir daí, o indivíduo começa a ter tal controle sobre o momento de vomitar, que não precisa nem provocá-lo.

Bulimia, vômitos e subnutrição
As conseqüências fisiológicas do processo são graves: quando introduzimos um alimento em nossa boca, automaticamente o cérebro envia uma mensagem ao sistema digestório para que haja produção de sucos gástricos, a fim de facilitar a digestão. Em meio a essa atividade digestiva, ocorre o vômito. Com isso, os sucos digestivos podem afetar as paredes do esôfago, produzindo sangramentos junto com o vômito.

Outro risco é a subnutrição, pois o vômito constante altera a quantidade de vitaminas, proteínas, lipídios sais minerais, água e outros nutrientes absorvidos pelo organismo. Também podem apresentar problemas cardiovasculares, renais, endócrinos, dentários e sangramento da gengiva. Já o uso de laxantes pode implicar uma séria desidratação, pois há perda excessiva de água pelas fezes.

Verifica-se um maior número de bulímicos em algumas profissões, como ginastas, modelos profissionais, corredores de longa distância, dançarinos, já que existe uma exigência corporal muito grande em seu trabalho.

Anorexia nervosa
A anorexia nervosa consiste numa recusa em se alimentar. É, portanto, um transtorno caracterizado pela limitação da ingestão de alimentos, devido à obsessão com a magreza e o medo exagerado de ganhar peso. Note: apesar de estar magra, a pessoa continua se considerando acima do peso. Ela também não leva sua saúde em consideração, pois está mesmo é preocupada com o espelho.

Além de não comerem, as pessoas anoréxicas, normalmente praticam exercícios físicos em demasia. Também podem utilizar laxantes ou diuréticos e/ou provocarem o vômito, como os bulímicos.

Entre outros riscos da anorexia podemos apontar a interferência no ciclo menstrual, que pode ser desregulada ou interrompida; queda de cabelo; unhas quebradiças; desidratação; diminuição da pressão arterial e enfraquecimento muscular. Tudo isso decorre do fato de que, ao deixar de se alimentar, o organismo tenta suprir a falta de alimento realizando um processo denominado autofagia, ou seja, uma organela denominada lisossomo, libera enzimas que fazem a digestão das nossas próprias fibras musculares.

Anorexia e fatores emocionais
Convém lembrar que esse transtorno não se deve exclusivamente a problemas fisiológicos. Decorre também de causas emocionais, sócio-culturais, familiares, etc. Normalmente, a anorexia e a bulimia estão associados a uma faixa etária, a adolescência, podendo interferir no crescimento e desenvolvimento do paciente. Na maioria dos casos, ambos os transtornos atingem majoritariamente o sexo feminino.

O que deve ser feito quando se tem algum tipo de transtorno alimentar? Bem, normalmente o tratamento é baseado em duas frentes; na primeira cuida-se do quadro clínico (aspecto físico) e na segunda frente trata-se do aspecto emocional (psicológico) e para tais tratamentos são necessários profissionais especializados. Em alguns casos se faz necessária a internação, bem como o uso de antidepressivos.
* Cristina Faganelli Braun Seixas é bióloga e professora do Colégio Núcleo Educacional da Granja Viana.