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quarta-feira, 22 de julho de 2020

Mata Atlântica

Wagner de Cerqueria e Francisco




Aspecto da Mata Atlântica
A Mata Atlântica é o terceiro maior bioma brasileiro em extensão territorial. Há 500 anos, ela cobria aproximadamente 15% do que atualmente é o território nacional, com 1,3 milhões de quilômetros quadrados na zona litorânea do Brasil. Em consequência do intenso desmatamento, restaram apenas 7% da mata original. Atualmente, a mesma é considerada um dos biomas mais ameaçados do planeta.

Sua composição não é homogênea, uma vez que se forma por um mosaico de diferentes ecossistemas, com estruturas e interações ecológicas distintas em cada região. A Mata Atlântica faz transições ou contato com todos os grandes biomas do Brasil Atlântico: caatinga, cerrados, mangues, campestres e planaltos de araucárias.


Quanto ao relevo, este é caracterizado por planaltos e serras. O clima predominante é o tropical quente e úmido, apresentando temperaturas médias elevadas e altos índices pluviométricos. Em virtude da densidade da vegetação, a luz no interior da mata é extremamente reduzida.


A Mata Atlântica apresenta a maior biodiversidade por hectare do planeta. No entanto, se considerarmos a biodiversidade vista de um modo geral, a da Floresta Amazônica apresenta-se superior, pois ela é menos desmatada e possui também uma extensão territorial mais ampla.
Quanto à hidrografia, o bioma em questão abrange as bacias hidrográficas do Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco.

A vegetação é marcada por espécies como, a peroba, ipê, quaresmeira, cedro, canela, imbaúba, jequitibá-rosa e as figueiras. O jacarandá e o pau-brasil foram praticamente dizimados, em virtude da intensa exploração madeireira. Poucas áreas da Mata Atlântica possuem vegetação original, como é o caso da Serra do Mar, que, em decorrência do difícil acesso humano, ainda continua preservada.

A fauna é bem diversificada, composta pelo tamanduá, tatu-canastra, onça-pintada, lontra, mico-leão, macaco muriqui, anta, veado, quati, cutia, bicho-preguiça, gambá, diversas espécies de aves, entre tantos outros. Em consequência da grande devastação do bioma, 200 espécies estão ameaçadas de extinção e outras, já foram totalmente extintas.
Entre elas destacam-se: o mico-leão, macaco muriqui, lontra, tatu-canastra e a onça-pintada.

Colônia

Professor de Matemática no Colégio Estadual Dinah Gonçalves
E Biologia na rede privada de Salvador-Bahia
Professor Antonio Carlos carneiro Barroso
email accbarroso@hotmail.com
Extraído de http://www.alunosonline.com.br
Colônia
Quando os portugueses descobriram o Brasil, em 1500, estavam mais interessados na exploração das Índias, terra rica em especiarias. Quando o perigo de uma invasão se tornou claro, enviaram expedições de colonização. A primeira expedição, chefiada por Martim Afonso de Souza, aportou em terras tupiniquins em 1532. Chegaram ao litoral paulista, onde hoje é a cidade de São Vicente, e começaram a colonização.

A primeira medida tomada foi iniciar uma plantação de cana-de-açúcar. O Brasil era vasto em plantações de pau-brasil, uma madeira de cor avermelhada que deu nome ao país. Mas a extração da madeira não era uma atividade muito lucrativa. Depois do plantio da cana, outra medida tomada foi a construção de um engenho. O comércio europeu tinha muito interesse no açúcar.

Como era inviável a coroa portuguesa enviar trabalhadores ao Brasil, trataram de recrutar trabalhadores nativos. Os indígenas possuíam sua cultura própria, tinham seus costumes e falavam seu próprio idioma. Pelo uso da força, foram escravizados pelos invasores e enviados aos engenhos para trabalharem na produção do açúcar. Mas a Igreja portuguesa interviu. Como tinha interesses na evangelização dos nativos e no trabalho deles em suas missões espalhadas pela colônia, a Igreja proibiu a escravidão de indígenas no Brasil. Em 1539, Duarte Coelho, donatário de Pernambuco, enviou um pedido ao rei para lhe enviar escravos aprisionados em Guiné. Iniciou-se, então, a escravidão de negros no Brasil.

A medida tomada mostrou-se eficaz, pois o negro, mais forte que o índio, rendia mais. Calcula-se que mais de três milhões e meio de africanos foram trazidos ao Brasil. Trouxeram consigo sua cultura e seus costumes. Através da mistura de negros, índios e europeus, o Brasil foi formando sua cara, um povo miscigenado.

A água na história do homem

O Homem primitivo
O ser humano não consegue viver longe da água que bebe e dos resíduos que produz. Essa parece ser uma preocupação que acompanha as civilizações desde as épocas mais remotas.
Embora, com o passar dos tempos, a humanidade tenha aperfeiçoado muitas técnicas para coletar água e afastar os detritos, o problema permanece até os dias de hoje.
Os povos primitivos utilizavam métodos simples para recolher as águas das chuvas, dos rios e dos lagos.
Na sua fase nômade, em que mudava constantemente de lugar, o homem deixava restos de alimentos e dejetos acumulando-se dentro da própria habitação.
Lixo
É evidente que a quantidade de detritos produzida era insuficiente para causar alterações ambientais. Os hábitos da população primitiva eram extremamente simples e consumia-se apenas o essencial para a sobrevivência. Além disso, as populações da época eram constituídas de poucas pessoas.
A partir do momento em que o homem passou a desenvolver o desmatamento e a agricultura tiveram início os processos de modificação dos recursos naturais como o solo e a água. A produção de lixo, esgotos e outros detritos começou a formar grandes acúmulos que favoreceram a proliferação de ratos e insetos e a poluição dos rios.
As civilizações antigas
Com o decorrer do tempo, as necessidades humanas e o crescimento da população passaram a exigir quantidades cada vez maiores de água e facilidade de acesso ás fontes existentes . Ao mesmo tempo, eram procuradas novas fontes de suprimento, inclusive no subsolo.
Na América, os incas e mesmo as civilizações mais antigas já construíam numerosos sistemas de canalização de águas para irrigação, principalmente nas terras áridas da costa do Peru.
Os egípcios dominavam técnicas sofisticadas de irrigação do solo na agricultura e métodos de armazenamento de líquido, pois dependiam das enchentes do Rio Nilo.
Agricultura
Agricultura na região do Nilo
As construções destinadas ao transporte de água, chamadas de aquedutos, eram grandiosas, principalmente entre os romanos. Essas obras abasteciam dezenas de termas ( ou banhos públicos ), muito apreciadas pela população da época. Além disso , os aquedutos supriam as cidades com a água dos lagos em fontes artificiais. Os romanos também se destacaram na construção de redes de esgotos e de canalizações para escoamento das águas de chuvas na cidade.
Por volta do ano 300 d.C., existiam em Roma mais de 300 banhos públicos. Consumiam-se cerca de 3 milhões de litros de água por dia. As termas eram construções sofisticadas, com piscinas de água quente, morna ou fira, ao lado de salas para a prática de esportes e massagem.
Para outras civilizaçoes, as residências construídas na Antiguidade, inclusive as pertencentes á nobreza, não possuíam sanitários. Nas cidades e no campo era comum as pessoas evacuarem diretamente no solo. A camada mais rica da população usava recipientes para fazer suas necessidades e em seguida descarregava o conteúdo em local próximo ás moradias. Quando chovia, as fezes eram levadas pelas enxurradas até os rios, contaminando a águas e disseminando doenças.
Naquela época, alguns povos já aravam o solo para o plantio da lavoura, sem adotar medidas que evitassem o transporte de terra pelas enxurradas, tornando as águas mais sujas de barro.
Para tornar a água limpa antes de ser utilizada nas atividade domésticas, certos povos, principalmente os egípcios e japoneses, filtravam o líquido em vasos de porcelana.
Da Idade Média á sociedade industrial
Durante a Idade Média, os hábitos dos camponeses e senhores eram semelhantes aqueles praticados pelas civilizações passadas. A situação se agravou com o início do desenvolvimento industrial, em meados do século XVIII, quando as fábricas de tecidos levaram os artesãos em massa para os grandes centros urbanos.
As áreas industriais cresciam rapidamente e os serviços de saneamento básico, como suprimento de água e limpeza de ruas, não acompanhavam essa expansão. Em consequência, o período foi marcado pela volta de graves epidemias, sobretudo do cólera e da febre tifóide, transmitidos pela água contaminada, que fizeram milhares de vítimas.
Inicialmente a Inglaterra e em seguida outros países europeus realizaram uma grande reforma sanitária. Foram instaladas as descargas líquidas, semelhantes as utilizadas atualmente, transportando os detritos para as canalizações de águas pluviais.
O Brasil foi um dos primeiros paises do mundo a implantar redes de coleta para escoamento das águas das chuvas. Porém esse sistema foi instalado somente no Rio de Janeiro e atendia a área da cidade onde estava instalada a aristocracia.
Atualmente, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia permitiu que fontes contaminadas se tornassem potáveis após tratamento. Hoje existem métodos diversificados para que o esgoto e o lixo não afetem a saúde e o meio ambiente. Porém, em toda a história da humanidade, a deterioração dos recursos naturais nunca atingiu tamanha proporção como nos dias atuais.
Uso da água nos séculos 20 e 21
No século 20, a população mundial triplicou, o que significa mais fábricas, mais desperdício, mais irrigação nas lavouras, etc. O consumo de água aumentou cerca de seis vezes e mais de um bilhão de pessoas atualmente vivem sem acesso a fontes de água de qualidade, de acordo com dados da ONU. Segundo a mesma fonte, cerca de dois bilhões e meio de pessoas vivem sem saneamento básico.
No Brasil, o uso dos recursos hídricos começa a ficar p r e o c u p a n t e : falta água na maioria das bacias do Nordeste, na Grande São Paulo, certas regiões de Minas Gerais, Bahia e em algumas áreas do Rio Grande do Sul. Possuímos 16% de água doce do planeta, d i s t r i b u ida de modo irregular. Cerca de 68% de nossos recursos hídricos estão no Norte, onde tem menos gente; apenas 3% estão no Nordeste e 6% no Sudeste, onde a população é maior.
Para evitar a crise da água, seriam necessários: evitar desperdício, interromper processos poluidores e criar novas maneiras de captação, controle e distribuição da água. Em alguns países, como EUA e Japão, há cidades onde a água do esgoto é tratada e vai para as torneiras.
Neste nosso projeto sobre a água, faremos a princípio, uma análise da água com suas propriedades, usos e ocorrência na Natureza, seguida da avaliação da poluição, da escassez Toda a água de abastecimento de Ribeirão Preto vem de um imenso reservatório de águas subterrâneas chamado Aqüífero Guarani, de onde é extraída pelo Daerp através de poços tubulares profundos.
O Aqüífero Guarani se estende pelos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além da Argentina, Paraguai e Uruguai. Ocupa uma área de 1,2 milhões de km2, dos quais 70% encontram-se no Brasil. É um dos maiores reservatórios subterrâneos de água do mundo. Foi batizado de Guarani em homenagem à nação indígena do mesmo nome que habitava a região.
Autoria: Ana Flávia da Cruz S. Silva

Os jornais e a censura do regime militar

Professor de Matemática no Colégio Estadual Dinah Gonçalves
E Biologia na rede privada de Salvador-Bahia
Professor Antonio Carlos carneiro Barroso
email accbarroso@hotmail.com
Extraído de http://www.alunosonline.com.br

Os jornais e a censura do regime militar

Rainer Sousa


Ao centro, um censor revisa uma edição do “Estadão” antes que a mesma chegasse às bancas de jornal.
Quando falamos em censura, logo nos reportamos aos tempos em que a Ditadura Militar controlou os meios de comunicação e manifestações artísticas do país. Contudo, esse tipo de controle já é bastante antigo em nosso passado, sendo já percebido durante a colonização. Naqueles tempos, a Coroa Portuguesa e os inquisidores da Igreja atuavam na busca de publicações que pudessem ter conteúdo inapropriado. Até o século XVIII, o Brasil não possuía nenhuma loja ou empresa de tipografia.

Durante o regime militar, os órgãos de comunicação foram duramente vigiados para que nenhum tipo de informação ofensiva contra o governo chegasse ao conhecimento da população. Afinal de contas, o impacto de uma denúncia ou a realização de alguma crítica poderia instigar a oposição ao governo e, em pouco tempo, ameaçar a longevidade do regime de exceção que controlou a nação brasileira por praticamente duas décadas.

Muitas vezes, o mecanismo de repressão do governo nem precisava chegar a anular a publicação de uma matéria pronta. Os próprios editores e jornalistas sabiam que tipo de notícia poderia inflamar os ânimos dos representantes do regime. Em alguns casos, antes que uma notícia fosse divulgada, era comum que os censores enviassem bilhetes ou fizessem ligações que já determinavam aquilo que não iria para as páginas de jornal. Já em outras situações, a visita de um censor empreendia um controle ainda maior.

Para que algumas informações fossem repassadas, os comunicadores dessa época utilizavam de uma série de recursos para então divulgar mensagens bastante sugestivas. Falsas previsões do tempo anunciando “tempo fechado” ou a chegada de “fortes ventos” poderiam indicar que a censura atuou de modo ferrenho contra o jornal. Muitas vezes, uma censura realizada de última hora tinha a capacidade de desorganizar uma página inteira já diagramada para a edição do dia seguinte.

Buscando a denúncia da ação da censura, alguns jornais publicavam poemas famosos ou receitas no lugar das notícias vetadas. A censura chegou a proibir que as páginas ficassem em branco. Imagine encontrar os versos de Camões no meio de um caderno de política ou uma receita de pão de queijo entre as páginas policiais. A sensação de estranheza e desconforto era bem menor do que a dos repórteres e redatores que tinham informações inteiras arrancadas de um veículo de comunicação de grande circulação.

Com o processo de abertura, iniciado em 1978, observou-se que os jornais começaram a ter maior liberdade para cumprirem a sua função pública original. No entanto, isso não quer dizer que hoje vivamos em uma era de plenas liberdades. A maciça injeção de verbas públicas em alguns veículos de comunicação forçou diversos jornalistas a não escreverem determinados assuntos em prol da manutenção do seu emprego. Parece que os tempos são outros, mas os dilemas ainda vigoram de certo modo.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Abolição da Escravatura

Dois conceitos históricos são entendidos por abolição da escravatura: o conjunto de manobras sociais empreendidas entre o período de 1870 a 1888 em prol da libertação dos escravos e a própria promulgação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, que promove a oficialização da abolição do regime.
Lei Áurea pôs fim à escravatura no paísOs movimentos pela abolição da escravatura são iniciados a partir de alguns eventos ocorridos: a cessação do tráfico negreiro da África, em 1850; a volta vitoriosa de negros da Guerra do Paraguai, que se estendeu de 1865 a 1870, a promulgação da Lei do Ventre Livre; a criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão (tendo José do Patrocínio e Joaquim Nabuco como fundadores); a Lei Saraiva-Cotegipe (mais popularmente conhecida como a Lei dos Sexagenários).
As mudanças ocorridas afetavam diretamente a economia de produção neste período do Brasil. Os negros chegaram a participar da luta anti-escravista e muitos deles, perseguidos por seus atos insurrecionais ou mesmo fugindo do jugo escravista, reuniam-se em povoados como os quilombos (Quilombo dos Palmares, Quilombo de Jabaquara). Após as medidas oficiais anti-escravistas determinadas pela Lei Áurea, os senhores escravistas, insatisfeitos com a nova realidade, intencionavam exigir indenizações pelos escravos libertos, não obtendo nenhum aval do Império.
Desta forma, surgiram os movimentos republicanos, que foram engrossados com a participação dos mesmos senhores que eram antigos detentores da "mercadoria escrava" e que, descontentes com as atitudes do Império, acabaram por defender um novo sistema de governo, decorrendo daí um dos principais motivos da derrocada final do Império. Por outro lado, a mão de obra proveniente das novas correntes imigratórias passa a ser empregada. Os negros, por um lado libertos, não possuíam instrução educacional ou a especialização profissional que passa a ser exigida, decorrendo destes aspectos a permanência dos negros à margem da sociedade frente à falta de oportunidades a eles oferecidas. A liberdade dada aos negros anteriormente escravizados é relativa: embora não mais escravizados, nenhuma estrutura que garantisse a ascensão social ou a cidadania dos negros foi oferecida.
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Segundo Reinado


O governo de Dom Pedro II experimentou o auge da decadência do regime imperial brasileiro.
No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade, Dom Pedro II foi lançado à condição de Imperador do Brasil graças ao expresso apoio dos liberais. Nessa época, a eclosão de revoltas em diferentes partes do território brasileiro e a clara instabilidade política possibilitaram sua chegada ao poder. Dali em diante, ele passaria a ser a mais importante figura política do país por praticamente cinco décadas.

Para se manter tanto tempo no trono, o governo de Dom Pedro II teve habilidade suficiente para negociar com as demandas políticas da época. De fato, tomando a mesma origem dos partidos da época, percebeu que a divisão de poderes seria um meio eficiente para que as antigas disputas fossem equilibradas. Não por acaso, uma das mais célebres frases de teor político dessa época concluía que nada poderia ser mais conservador do que um liberal no poder.

Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova situação que a economia brasileira experimentou. O aumento do consumo do café no mercado externo transformou a cafeicultura no sustentáculo fundamental da nossa economia. Mediante o fortalecimento da economia, observamos que o café teve grande importância para o desenvolvimento dos centros urbanos e nos primeiros passos que a economia industrial trilhou em terras brasileiras.

Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime imperial entrou em declínio com o desenrolar de várias transformações. O fim do tráfico negreiro, a introdução da mão de imigrante, as contendas com militares e religiosos e a manutenção do escravismo foram questões fundamentais no abalo da monarquia. Paulatinamente, membros das elites econômicas e intelectuais passaram a compreender a república como um passo necessário para a modernização das instituições políticas nacionais.

O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II aconteceu no ano de 1888, quando a princesa Isabel autorizou a libertação de todos os escravos. A partir daí, o governo perdeu o favor dos escravocratas, último pilar que sustentava a existência do poder imperial. No ano seguinte, o acirramento nas relações entre o Exército e o Império foi suficiente para que um quase encoberto golpe militar estabelecesse a proclamação do regime republicano no Brasil.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

História da Páscoa


Ovos pintados: tradição da páscoa
A páscoa, ou Pessach (passagem em hebraico), possui três significados. Para os cristãos é um acontecimento religioso considerado pelas igrejas ligadas a essa corrente religiosa como a maior e mais importante festa da cristandade, onde é celebrada a ressurreição de Cristo, ocorrida três dias após sua crucificação, de acordo com o Novo Testamento. Para os judeus, o Pessach determina o fim da escravidão de quatro séculos no Egito.

O terceiro significado da Páscoa é pouco conhecido. Relata-se sobre uma festa de grupos pastoris que viviam na terra de Canaã no segundo milênio antes de Cristo. No final das chuvas, entre março e abril, eles abandonavam suas terras e viajavam para a região das planícies, mais férteis. A festa da Páscoa pedia proteção durante a travessia.

A palavra páscoa não está relacionada unicamente com o significado simbólico de “passagem”, mas também pela posição da páscoa no calendário, segundo os cálculos se referem à última ceia.

Na tradição moderna a páscoa é marcada pela troca de ovos de chocolate. Alguns historiadores sugerem que muitos dos atuais símbolos ligados à Páscoa, como os ovos de chocolate, ovos coloridos e o coelhinho da páscoa são vestígios culturais da festividade de primavera em honra de Eostre que, posteriormente foram aprendidas pelas celebrações cristãs, depois da cristianização dos pagãos germânicos.

Um ritual adaptado pela Igreja Católica no começo do 1o milênio depois de Cristo que fundiu com a festa da Páscoa, ocorreu no equinócio da primavera, quando os participantes pintavam e decoravam ovos e os escondiam, enterrando-os em tocas nos campos.

Esparta e Atenas


Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com

         
Sólon (Atenas) e Licurgo (Esparta): diferentes idéias políticas no Mundo Grego
Ao estudarmos a Grécia Antiga, temos uma falsa impressão sobre a organização dessa civilização clássica. Em geral, os livros didáticos falam repetidamente sobre as características da Grécia como se tratasse de um povo dotado de características comuns. No entanto, ao conhecermos sua organização política descentralizada, acabamos tendo fortes indícios de que, dentro do “mundo grego”, existiam povos com diferentes costumes e tradições.

Nesse sentido, a comparação entre as cidades-Estado de Esparta e Atenas nos oferece um quadro de contrastes muito interessante, dessa forma, podemos entender a diversidade cultural encontrada dentro desse território. As formas de concepção do mundo, os papéis desempenhados pelos sujeitos sociais, as instituições políticas, valores e tradições desses dois povos são de grande utilidade para que possamos, assim, apagar a impressão de que existe um povo grego marcado pela mesma cultura.

No que diz respeito às instituições políticas, Atenas conta com uma trajetória onde depois da adoção dos regimes monárquico e aristocrático, criou-se uma forma de governo democrática. Mesmo sendo considerado um “governo do povo”, aqueles que participavam da democracia ateniense correspondiam a menos de 20% da população. Já em Esparta, as questões políticas eram de obrigação de um conjunto de 28 homens, maiores de 60 anos, que formavam a Gerúsia. Além disso, existiam dois reis, que formavam a chamada Diarquia. As funções desses reis eram ligadas às questões religiosas e militares.

O papel desempenhado por homens e mulheres nas sociedades ateniense e espartana, também tinha suas especificidades. Em Esparta, as mulheres recebiam uma rigorosa educação física e psicológica. Além disso, elas participavam das reuniões públicas, disputavam competições esportivas e administravam o patrimônio familiar. Em contrapartida, a cultura ateniense restringia suas mulheres ao mundo doméstico. A docilidade e a submissão ao pai e ao marido eram valores repassados às mulheres atenienses.

A questão educacional nas duas cidades também apresentava diferenças entre si. As instituições atenienses se preocupavam em desenvolver um equilíbrio entre mente e corpo. Dessa forma, a educação buscava conciliar a saúde física e o debate filosófico. Já em Esparta, dada sua intensa tradição militarista, privilegiava-se o treinamento do corpo. Os jovens espartanos aprendiam a escrever aquilo que era estritamente necessário. Dessa forma, o cidadão espartano deveria ser forte e resistente, um indivíduo apto para as batalhas militares.

Com toda certeza, não poderíamos julgar quais dessas duas diferentes culturas do mundo clássico foi mais “desenvolvida” ou “sofisticada”. Nem mesmo poderíamos concluir que os atenienses eram simples antíteses dos espartanos. As diferenças entre as experiências vividas por Atenas e Esparta podem nos explicar tantos contrastes. Dessa forma, as comparações aqui desenvolvidas apenas nos dão uma amostra da riqueza dos costumes, tradições e histórias que envolveram as cidades-Estado do Mundo Grego.


Por Rainer Sousa
Mestre em História

quarta-feira, 20 de maio de 2020

A formação dos reinos bárbaros

Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com
     

1. Os reinos bárbaros
A história política da Europa na Alta Idade Média é caracterizada, no Oriente, pelas expansões e contrações do Império Bizantino (Império Romano do Oriente) e do Império Árabe (Islão). No Ocidente, é a história dos Reinos bárbaros de origem germânica, formados a partir do século V dentro dos limites do antigo Império Romano do Ocidente.
Os vândalos se fixaram no Norte da África (Tunísia e Argélia atuais), sob a liderança de Genserico. Esse reino foi absorvido pelo Império Bizantino em meados do século VI, durante a Reconquista de Justiniano. No século seguinte, a região passaria para o controle dos muçulmanos.
Os ostrogodos, estabelecidos na Península Itálica, procuraram conservar as tradições romanas sob seu rei Teodorico; mas a conquista da Itália pelo Império Bizantino pôs fim à monarquia ostrogótica. Em seu lugar foi instalada uma administração bizantina na Itália, com capital em Ravena (Exarcado de Ravena). Entretanto, mal se completara a ocupação bizantina, os lombardos (outro povo germânico) invadiram o Norte da Itália, fixando sua capital em Pavia.
Os visigodos, que dominavam a Espanha e todo o Sul da Gália, foram expulsos desta última pelos francos. Em 711, os mouros (árabes do Norte da África) começaram a conquista da Península Ibérica, onde fundaram o Califado de Córdoba sob Abder-Rahman. Os visigodos recuaram para o norte, onde mantiveram um Estado independente sob o nome de Reino das Astúrias.
A Britânia foi ocupada por três povos germânicos. Os jutos instalaram-se no sul e fundaram o Reino de Kent. Os saxões também se fixaram no sul, dando origem aos Reinos de Essex, Wessex e Sussex. Os anglos estabeleceram-se no centro e nordeste do país, onde criaram os Reinos de East Anglia, NortCimbria, Bernícia e Deira (os dois últimos reunidos mais tarde, formando o Reino da Mércia). Esse conjunto de sete monarquias constituía à Heptarquia Anglo-Saxônica. Da unificação desses pequenos Estados, completada em 902, iria surgir a Inglaterra.
2. O Reino Franco e o Império Carolíngio
Os Merovíngios (481-751)
Clóvis, neto de um chefe tribal chamado Meroveu, foi o primeiro rei dos francos (481-511), fundador da Dinastia dos Merovíngios. Sob sua liderança, os francos criaram o mais importante de todos os Reinos bárbaros.
Antes de Clóvis, as tribos francas formavam dois grandes grupos: os francos sálios, junto ao Canal da Mancha, e os francos ripuários, localizados mais para o interior. Depois de assumir a chefia dos francos sálios, Clóvis incorporou os francos ripuários. Em seguida, conquistou o reino de Siágrio, general romano que fundara um Estado próprio no oeste da Gália. Em 496, bateu os alamanos do leste da Galia na Batalha de Tolbiac — ocasião em que se converteu ao cristianismo — e, com a ajuda dos borgúndios, impeliu os visigodos para trás dos Pireneus. Mais tarde, voltar-se-ia contra os próprios borgúndios e anexaria seu reino, localizado no sudoeste da Gália.
O batismo de Clóvis foi realizado em Reims, juntamente com 3.000 de seus guerreiros. Essa cerimônia religiosa trazia embutido um importante significado político: a maioria da população da Gália (galo-romanos) era cristã, e Clóvis compreendera que somente convertendo-se ao cristianismo obteria sua adesão. Assim, a Igreja tomou-se aliada na expansão do poder de Clóvis — poder que começou a sair da simples aclamação dos guerreiros para a ratificação pelo poder religioso.
Ademais, visigodos e borgúndios haviam adotado o arianismo — uma heresia condenada pela Igreja. Por essa razão, as guerras de Clóvis para unificar a Gália contaram com o apoio do próprio Papado, interessado na supressão daquela heresia.
As divisões do Reino dos Francos (511-687)
Com a morte de Clóvis, em 511, o Reino dos Francos foi dividido em quatro partes, de acordo com o costume germânico de repartir as propriedades do falecido entre seus filhos varões, sem levar em conta a primogenitura. A partilha enfraqueceu a monarquia franca, uma vez que os herdeiros passaram a lutar entre si. Seguiram-se unificações parciais e novas divisões, com os Merovíngios se digladiando constantemente.
A Gália permaneceu dividida durante um longo período, excetuando-se o reinado de Dagoberto I, que conseguiu governar sozinho de 629 a 639. Os Estados francos mais importantes eram a Austrásia e a Nêustria.
Os prefeitos do palácio (640-751)
Após a morte de Dagoberto, o poder dos Merovíngios entrou em declínio. Os soberanos desse período, tanto da Nêustria como da Austrásia, praticamente deixaram de governar, delegando sua autoridade a um alto funcionário: o prefeito do paço (palácio) ou major domus. Os prefeitos assumiram o poder de fato e marginalizaram os reis - conhecidos desde então como reis indolentes.
Na Austrásia, Pepino de Héristal conseguiu que o cargo de major domus se tomasse hereditário. Em 687, ele venceu em batalha o major domus da Nêustria, estabelecendo uma união de fato entre os dois Reinos. Seu filho, Carlos Martelo (ou Martel), em 721 unificou definitivamente os Reinos da Austrásia e da Nêustria, impondo-lhes um monarca único e constituindo a entidade geopolítica que ficaria conhecida pelo nome de França. Carlos ganhou o apelido de Martelo depois de esmagar os árabes em Poitiers (732), detendo o avanço do Islão sobre a Europa.
Com a morte de Carlos Martelo, em 740, tornou-se prefeito do paço seu filho Pepino, o Breve. Em 751, contando com a aprovação papal, Pepino internou o último Merovíngio em um convento e se fez aclamar rei dos francos em Soissons. A coroação foi realizada pelo papa Estêvão II, para enfatizar a origem divina do poder real.
Em retribuição ao apoio do pontífice, Pepino comandou uma expedição à Itália contra os lombardos, que ameaçavam Roma e o Papado. As terras tomadas aos lombardos foram doadas por Pepino à Igreja, formando o Patrimônio de São Pedro — núcleo dos futuros Estados da Igreja.
O Império Carolíngio (800-843)
Quando Pepino faleceu, em 768, o trono foi compartilhado por seus filhos Carlos (mais tarde Carlos Magno) e Carlomano. Este morreu três anos depois, e Carlos passou a reinar sozinho.
Carlos Magno foi o mais guerreiro dos governantes cristãos da Alta Idade Média. Sob o pretexto de expandir a fé cristã, levou a guerra aos muçulmanos da Espanha e aos pagãos da Germffitia. Na Itália, reabriu a luta contra os lombardos, submetendo-os e tomando-lhes a Coroa de Ferro (coroa contendo um aro interno de ferro que, segundo a tradição, fora fundido com um dos cravos que crucificaram Jesus). O território dos lombardos foi incorporado aos domínios de Carlos, com o nome de Reino da Itália — localizado entre os Alpes e o Patrimônio de São Pedro (este último foi confirmado como domínio pontifício). Na Península Ibérica, o soberano franco ocupou uma larga faixa de terra além Pireneus, ali criando a Marca da Espanha.
A mais violenta guerra de conquista e conversão foi conduzida contra os saxões da Germânia. Tribos inteiras foram aniquiladas; mas Carlos conseguiu estender sua autoridade a uma vasta região, correspondente aproximadamente à Alemanha, Áustria e República Checa atuais.
Como fizera na Espanha, o soberano franco criou na Germânia algumas marcas (áreas de fronteira sob a administração civil e militar de um marquês), destinadas a conter os ataques dos povos da Europa Oriental. Uma delas, estabelecida junto ao Rio Danúbio, daria origem à Áustria.
As conquistas de Carlos Magno expandiram o cristianismo e ampliaram a área de influência da Igreja. Grato ao monarca franco, o papa Leão III coroou-o em Roma, no Natal de 800, com o título de imperador dos romanos, sucessor de Constantino. Formalmente, renascia o Império Romano do Ocidente, desaparecido em 476. Mas o novo Estado, cujos limites não coincidiam com os de seu predecessor, ficaria conhecido historicamente pelo nome de Império Carolíngio.
Os domínios de Carlos Magno tinham como centro de governo o palácio imperial. Nele residiam os altos funcionários, escolhidos pelo imperador e demissíveis a sua vontade: o conde palatino era o chefe da administração; o arquicapelão tratava dos assuntos eclesiásticos; o chanceler, da legislação e das relações exteriores; o camareiro guardava a câmara do tesouro; o senescal cuidava do abastecimento; finalmente, o condestável organizava as forças militares.
O Império foi dividido em condados — circunscrições administrativas governadas pelos condes e, na sua ausência, pelos vice-condes (viscondes). As fronteiras terrestres estavam divididas em marcas, governadas pelos marqueses. Inspetores imperiais denominados missi dominici circulavam pelo Império, fiscalizando a atuação não só dos condes e marqueses, mas também dos bispos.
Nas Assembléias de Maio, todos os grandes do Império, leigos e eclesiásticos, reuniam-se para relatar o de suas administrações, discutir os problemas existentes e tomar deliberações - cabendo a decisão final sempre ao imperador (rei antes de 800). Eram redigidas, então, as capitulares, leis que evidenciavam o renascimento do poder do Estado.
Surpreendentemente para um monarca guerreiro e com raízes culturais germânicas, Carlos Magno incentivou as atividades intelectuais. Em seu governo ocorreu um efêmero florescimento cultural, que a História chamaria de Renascimento Carolíngio. Algumas escolas foram abertas, para ensinar os filhos dos nobres a ler e escrever; seu modelo era a Escola Palatina, instalada no próprio palácio imperial. Religiosos com grande prestígio intelectual — como o saxão AIcuíno, o franco Eginhardo e o lombardo Paulo Diácono — foram convidados a lecionar e também se incumbiram da produção literária do período.
O fim do Império Carolíngio
Luís, o Piedoso, filho e sucessor de Carlos Magno, faleceu em 840. Sua morte marca o início da desintegração do Império, pois o trono foi disputado por seus filhos: Lotrio, o mais velho e herdeiro legal do Império, Luís e Carlos.
Em 843, pelo Tratado de Verdun, o Império Carolíngio foi desmembrado: a França Ocidental ficou para Carlos, o Calvo; a França Oriental, para Luís, o Germânico; Lotário, embora reconhecido como imperador e suserano dos irmãos, recebeu um extenso mas estreito território, que compreendia a Itália Setentrional e depois se estendia até ao Mar do Norte, acompanhando o Vale do Reno. À falta de uma denominação preexistente, Estado incongruente recebeu o nome de Lotaríngia (restrito mais tarde à faixa situada ao norte dos Alpes).
A Lotaríngia subsistiria por pouco tempo. Lotário foi sucedido por seu filho Lotário II (855-869), que recebeu apenas o título de rei da Lotaríngia. Após a morte de Lotário II, seus tios Luís e Carlos dividiram entre si o território ao norte dos Alpes, ficando a Itália Setentrional como um reino independente. Quanto ao título de imperador, foi concedido pelos papas a diversos membros da família dos Carolíngios, sem obedecer a uma linha sucessória regular. O último imperador titular foi Berenguer, que também ostentava o título de rei da Itália e morreu em 924. A essa altura, a dignidade imperial perdera totalmente seu prestígio.
As duas partes remanescentes do Império Carolíngio, França Ocidental e França Oriental, dariam origem a dois grandes Estados europeus: França e Alemanha. Na França Ocidental (ou seja, a França propriamente dita), o poder dos grandes senhores (condes) fortaleceu-se a tal ponto que um deles, Roberto, o Forte, chegou a assumir o trono, com a aprovação de seus pares. Em 987, quando o último Carolíngio francês morreu sem herdeiros diretos, a nobreza aclamou rei o conde de Paris, Hugo Capeto, fundador da Dinastia dos Capetíngios.
Na França Oriental (ou Germânia), o poder dos duques (chefes dos grandes territórios) era muito grande. Em 911, quando o último Carolíngio germânico faleceu sem deixar sucessor, os duques decidiram fundar o Reino da Germânia, que seria uma monarquia eletiva e não hereditária. O primeiro rei foi Conrado, duque da Francônia, eleito pelos duques da Baviera, Suábia e Saxônia.
Henrique, o Passarinheiro, duque da Saxônia, sucedeu a Conrado em 916. Suas campanhas militares contra húngaros e eslavos tiveram o poder de criar uma certa unidade nacional entre as populações da Germânia, prenunciando a formação da futura Alemanha., Foi sucedido por seu filho Oto I, com a concordância dos outros duques. Em 962, Oto recebeu do papa João XII o título de imperador, dando início ao Sacro Império Romano-Germânico. Esse Estado, considerado sucessor do Império Carolíngio e do Império Romano do Ocidente, sobreviveria por mais de oito séculos, até ser extinto por Napoleão em 1806.

A Europa no tempo de Napoleão

A Europa viveu um período de grande intranquilidade após a Revolução Francesa. De um lado, a burguesia francesa não tinha paz com as constantes ameaças de monarquistas e revolucionários radicais (jacobinos). Ela precisava de um grande líder que consolidasse a revolução burguesa no país. Terminou escolhendo Napoleão Bonaparte, que se tornaria um dos personagens mais controvertidos da história ocidental. Do outro lado, as monarquias tradicionais européias temiam o avanço dos ideais revolucionários em seus países. Acabaram se aliando para lutar contra o expansionismo francês. Era a reação conservadora para manter o Antigo Regime.
Napoleão Bonaparte
Napoleão Bonaparte
A Ascensão

Napoleão havia nascido na Ilha de Córsega e seguira carreira militar. Ao iniciar a revolução, ele adere prontamente como partidário dos Jacobinos, se destaca nas ações militares em Toulon e graças à sua brilhante atuação é nomeado general-de-brigada com apenas 24 anos. Se internamente o Diretório enfrentou uma situação de problemas insolúveis, buscou externamente, nas guerras, levantar ânimo e finanças.

Napoleão foi, então, indicado para liderar as tropas francesas contra os austríacos no norte da Itália, entre 1796 e 1797, onde após seguidas vitórias assinou o Tratado de Campo Fórmio, dando à França o domínio sobre a Bélgica e a margem esquerda do Reno.

Após tal sucesso, Napoleão concebe um plano de expansão que visava combater a Inglaterra através da conquista do Egito, ponto de ligação comercial dos britânicos com o Oriente.

Contando com 467 navios e 40.000 soldados, entre 1798 e 1799, enfrentou e venceu exércitos egípcios, turcos e ingleses, embora tenha perdido a frota naval em Abukir, quando a marinha inglesa, sob o comando de Nelson, saiu-se vitoriosa. Napoleão deixou seu exército no Egito e voltou para a França, onde o Diretório enfrentava dificuldades.

O Diretório estava pressionado pelas disputas políticas, onde por um lado eram atacados pelos monarquistas que pretendiam a volta ao antigo regime e, por outro, os Jacobinos queriam a volta ao regime da Convenção.

Essas dificuldades políticas aliada à crise financeira e á corrupção e incompetência dos Diretórios, levam a alta burguesia a articular um golpe de estado visando estabelecer um governo forte que desse estabilidade ao país. Com o apoio de Napoleão, alguns membros do Diretório executam esse golpe em 9 de novembro ( 18 Brumário no calendário revolucionário ) conhecido como Consulado.

O Consulado ( 1799-1804 )


Apesar de aparentemente ser uma república democrática, o governo passou a ser exercido despoticamente por Napoleão, como uma monarquia militar.

Napoleão sabia que para se manter no poder, precisava contar com o apoio tanto da alta como da pequena burguesia. Para isso, procurou garantir a segurança interna e a paz externa.

No plano externo, derrota novamente os austríacos e assina a paz de Amiens com os ingleses.

Internamente, toma várias medidas para reorganizar a administração do Estado e estabelecer a paz adotando uma política de conciliação; aperfeicoou a arrecadação dos impostos e criou o Banco da França com um grupo de banqueiros, melhorando sensivelmente a situação econômica; reorganizou o ensino e estabeleceu a paz com a Igreja Católica através da Concordata ( o papa reconhecia a perda dos bens eclesiástico e, em troca, o Estado não interferiria com os cultos religiosos ), e criou o Código Civil, que foi uma compilação sistemática de leis, cujo objetivo principal era assegurar à burguesia o usufruto da propriedade.

O êxito da política interna e externa dão uma grande popularidade a Napoleão, que recebe, em 1802, o direito de indicar seu sucessor: era, de fato, o estabelecimento de uma monarquia hereditária.

Em 1804, com total apoio da burguesia, faz realizar um plebiscito que lhe confere o título de imperador.

O Império Napoleônico ( 1804-1814 )
Império Napoleônico

O Império Napoleônico foi, para a França e a Europa, um período de guerras constantes, tanto pela ambição francesa que buscava ampliar suas fronteiras, quanto pela identificação, por parte dos demais países europeus, do governo de Bonaparte, com o triunfo das idéias revolucionárias.

Em dezembro de 1804, Napoleão é coroado( o fato curioso foi que, quem iria colocar a coroa na cabeça de Napoleão, era o papa, e na hora em que o papa o iria coroar, ele tirou a coroa da mão do papa e ele próprio colocou a coroa em sua cabeça, foi sem dúvida uma agressão ao papa e uma forma de Napoleão mostrar seu poder ao clero ). Restaurava-se a monarquia sob a forma de império autoritário, com uma nova corte, formada e criada por uma nobreza imperial, com os títulos tradicionais.

O governo tornou-se despótico, desrespeitando as liberdades individuais e políticos, embora o Império desse à França uma prosperidade que lhe valeu o apoio de todas as classes da população.

As reformas econômicas continuavam. O Estado intervinha na economia associado à burguesia, enquanto a agricultura e a indústria recebiam programas de desenvolvimento. A estabilidade interna garantia a paz necessária ao desenvolvimento material, concretizando a aliança do governo com a burguesia.

Externamente, desde 1803, houve o reínicio da guerra contra a Inglaterra, que contava com o apoio dos reis absolutistas, que viam em Napoleão a continuação dos ideais da Revolução Francesa e temiam que estes ideais se infiltrassem através de suas fronteiras.

A Inglaterra, apesar de ser uma nação liberal, via na prosperidade do capitalismo francês uma ameaça na disputa de mercados comerciais para os produtos de sua Revolução Industrial.

Em 1805, a Inglaterra, Àustria e Russia se unem na terceira Coligação contra a França. Os ingleses vencem no mar, em Trafalgar, mas os austro-russos são derrotados em terra na batalha de Austerlitz.

Para enfraquecer a economia inglesa, Napoleão decreta o Bloqueio Continental, obrigando todos os países europeus a fecharem seus portos ao comércio inglês ( é nesse ponto da história que a família real portuguesa tem que fugir para o Brasil, devido ao furo no Bloqueio Continental ). Nessa época, praticamente toda a Europa estava sob o domínio ou influência de Napoleão: seu exército, bem organizado e numeroso, perecia invencível.

Em 1812, a Rússia, que dependia do comércio inglês, rompe o bloqueio decretado por Napoleão que, em represália, acaba invadindo-a.

A Campanha da Rússia acabaria sendo um desastre para o exército napoleônico( 95 % do seus soldados morreram de fome e frio ). Após uma uma fácil penetração em território russo, os franceses são dizimados pelo rigoroso inverno, tendo que bater em retirada fustigados pela reação do exército russo ( os russo incendiavam as próprias cidades para que, quando o exército francês chegasse não tivesse nem água, alimentos e roupas )

Incentivados por essa derrota, a Prússia e a Áustria se unem à Rússia, vencendo Napoleão em Leipzig ( 1813 ). Em seguida, invadem a França e abrigam Napoleão e renunciar se retirando para a pequena Ilha de Elba.

Governo dos Cem Dias

A dinastia dos Bourbons é restaurada, subindo ao trono Luís XVIII, irmão do rei guilhotinado durante a revolução, mas , diante da insatisfação popular, Napoleão tenta retomar o poder: foge da Ilha de Elba e volta a Paris ovacionado pelo povo.

Inicia-se então, um período conhecido como " Governo dos Cem Dias ". Tenta reorganizar o exército, mas, é definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo ( 1815 ) por ingleses e prussianos. O rei Luís XVIII, que havia fugido, volta ao trono.

Napoleão é considerado prisioneiro de guerra e é enviado para a Ilha de Santa Helena, onde morre, em 1821.

O Congresso de Viena

Os países europeus se reuniram, após a deposição de Napoleão, em Viena para reorganizar politicamente o continente europeu.

Embora todos os países da Europa fossem convidados para este congresso, as decisões ocorreram entre as quatro potências da época: Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia.

O Princípio da Legitimidade, proposto por Talleyrand, representante francês e ex-acessor de Napoleão, orientou as decisões que restabeleceram as fronteiras anteriores à Revolução Francesa, restaurando as monarquias absolutistas.

Temerosos de que os ideais revolucionários franceses retornassem na Europa, os reis absolutistas organizaram um instrumento de intervenção contra movimentos revolucionários ou separatistas; a Santa Aliança, formada inicialmente pela Rússia, Áustria e Prússia, tinha o objetivo de manter a ordem estabelecida contra qualquer manifestação revolucionária.

O presidente norte-americano, James Monroe, temeroso de que a Santa Aliança intervisse nos processos de independência na América lançou, em 1823, o preceito conhecido como Doutrina Monroe, que considerava ato de agressão aos Estados Unidos qualquer tentativa de interferência européia em assuntos políticos americanos, sintetizada na frase " A América para os americanos "

Pré-Modernismo


O Pré-Modernismo não pode ser considerado um escola literária, mas sim um período literário de transição do Realismo/Naturalismo para o Modernismo. De caráter inovador, a maioria de seus membros não se enquadra como Modernistas por não terem sobrevivido o suficiente para participar ou terem criticado o movimento. Outro pré-modernista, que se encontra em página separada foi Lima Barreto.

Euclides da Cunha

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu a 20 de janeiro de 1866 e morreu envolvido num grande escândalo familiar, assassinado em duelo pelo amante da esposa, a 15 de agosto de 1909. Se formou engenheiro militar em 1892, exerceu a função de engenheiro civil. Foi membro da ABL, do Instituto Histórico e catedrático em Lógica pelo Colégio Dom Pedro II. Viajou muito e escreveu Os Sertões pela experiência própria de ter testemunhado a Guerra de Canudos como correspondente jornalístico do Estado de São Paulo.

Positivista, por alguns autores é considerado um naturalista, mas seu estilo pessoal e inconformismo caracterizam-no como um pré-modernista. As passagens a seguir provém de Os Sertões, sendo cada uma de uma parte da obra.

"Ao passo que a caatinga o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças; e desdobra-se lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado: árvores sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante..." Os Sertões - A Terra

"Porque não no-los separa um mar, separam-no-los três séculos..." Os Sertões - O Homem

"E volvendo de improviso às trincheiras, volvendo em corridas para os pontos abrigados, agachados em todos os anteparos [...] os triunfadores, aqueles triunfadores memorados pela História, compreenderam que naquele andar acabaria por devorá-los, um a um, o último reduto combatido. Não lhes bastavam seis mil Mannlichers e seis mil sabres; e o golpear de doze mil braços [...] ; e os degolamentos, e a fome, e a sede; e dez meses de combates, e cem dias de canhoneio contínuo; e o esmagamento das ruínas; e o quadro indefinível dos templos derrocados; e por fim, na ciscalhagem das imagens rotas, dos altares abatidos, dos santos em pedaços - sob a impassibilidade dos céus tranqüilos e claros - a queda de um ideal ardente, a extinção absoluta de uma crença consoladora e forte..." Os Sertões - A Luta

Monteiro Lobato

José Bento Monteiro Lobato nasceu em 18/04/1882 como José Renato Monteiro Lobato e mudou seu nome mais tarde para poder usar a bengala com as iniciais JBML do pai. Bacharel em Direito contra a vontade, dizia sempre o que pensava e defendia a verdade. Escreveu livros para crianças e iniciou o movimento editorial brasileiro. Meteu-se em encrenca ao afirmar que o Brasil tinha petróleo (e estava certo). Editou livros para adultos e, desgostoso, voltou a literatura infantil. Morreu a 04/07/48. Em Urupês aparece pela primeira vez a figura de Jeca Tatu. Seu outro livro de contos muito famoso, que se junta a sua bibliografia de 30 obras é Cidades Mortas. Uma característica única de Monteiro Lobato é sua linguagem, simplificada, mais até do que a atual gramática oficial.

"Como se fosse de natural engraçado, vivera até ali da veia cômica, e com ela amanhara casa, mesa, vestuário e o mais. Sua moeda corrente era micagens, pilhérias, anedotas de inglês e tudo quanto bole com os músculos faciais do animal que ri, vulgo homem, repuxando risos ou matrecolejando gargalhadas." Urupês

"Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!" Urupês

"A quem em nossa terra percorre tais e tais zonas, vivas outrora, hoje mortas, ou em via disso, tolhidas de incansável caquexia, uma verdade, que é um desconsolo, ressurte e tantas ruínas: nosso progresso é nômade e sujeito a paralisias súbitas. Radica-se mal. Conjugado a um grupo de fatores sempre os mesmos, reflui com eles duma região para outra. Não emite peão. Progresso de cigano, vive acampado. Emigra, deixando para trás de si um rastilho de taperas." Cidades Mortas

"Há de subir, há de subir há de chegar a sessenta mil réis em julho. Café, café, só café!..." Cidades Mortas

Graça Aranha

José Pereira da Graça Aranha nasceu em São Luís do Maranhão a 21/06/1848, tendo sido juiz e diplomata. Uma influência intelectual decisiva em sua obra é a de Tobias Barreto, que conheceu em 1882 enquanto cursava Direito no Recife. Formou-se em direito seis anos depois e mais quatro anos após exerceu o caso de juiz em Porto do Cachoeiro, ES, onde tomou conhecimento dos fatos que inspiraram Canaã. Seu primeiro trabalho foi o prefácio de um livro em 1894, quando já morava no RJ. Dois anos depois, em 1896, participou da fundação da ABL, mesmo nunca tendo publicado nenhuma obra literária; tal fato só foi possível porque seu amigo Joaquim Nabuco lhe foi "fiador literário" até 1902, ano da publicação de Canaã. Partiu em 1899 com o mesmo Nabuco para Europa como diplomata. Em 1911 sua peça Malazarte foi encenada com sucesso em Paris. Se aposentou da diplomacia em 1921, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e abandonou a ABL 1924. Não é considerado modernista porque sua única obra "modernista", A viagem maravilhosa, de 1939, é feita em um estilo extremamente artificial. Morreu logo antes de publicar sua autobiografia, O meu próprio romance, em 1931. Sua única obra de significado verdadeiro é Canaã, donde provém as passagens que seguem.

"Milkau estava sereno no alto da montanha. Descobrira a cabeça de um louro de ninfa, e sobre ela, e na barba revolta, a luz do sol batia, numa fulguração de resplendor. Era um varão forte, com uma pele rósea e branda de mulher, e cujos poderosos olhos, da cor do infinito, absorviam, recolhiam docemente a visão segura do que iam passando. A mocidade ainda persistia em não o abandonar; mas na harmonia das linhas tranqüilas do seu rosto já repousava a calma da madureza que ia chegando." Canaã

"Tudo o que vês, todos os sacrifícios, todas as agonias, todas as revoltas, todos os martírios são formas errantes de Liberdade. E essas expressões desesperadas, angustiosas, passam no curso dos tempos, morrem passageiramente, esperando a hora da ressurreição... Eu não sei se tudo o que é vida tem um ritmo eterno, indestrutível, ou se é informe e transitório... Os meus olhos não atingem os limites inabordáveis do Infinito, a minha visão se confina em volta de ti [...] Eu te suplico, a ti e à tua ainda inumerável geração, abandonemos os nossos ódios destruidores, reconciliemo-nos antes de chegar ao instante da Morte..." Canaã

Simões Lopes Neto

O Capitão João Simões Lopes Neto (1865-1916) publicou três livros em toda a vida, todos na cidade em que nascera, Pelotas, no RS. Foram eles Cancioneiro Guasca, Lendas do Sul e Contos Gauchescos. Fez teatro e, apesar de suas obras terem sempre cunho tradicionalista, era um homem de hábitos urbanos. Acalentava grandes sonhos literários e anunciou na primeira edição deste último livro que já tinha seis outros prontos, dos quais apenas Cancioneiro Guasca e Casos do Romualdo foram publicados em vida, este último apenas em folhetim. Terra Gaúcha apareceu mais tarde, mas diferente do que ele anunciou. Seu reconhecimento foi póstumo.

"E do trotar sobre tantíssimos rumos; das pousadas pelas estâncias dos fogões a que se aqueceu; dos ranchos em que cantou, dos povoados que atravessou; das coisas que ele compreendia e das que eram-lhe vedadas ai singelo entendimento; do pêlo-a-pêlo com os homens, das erosões, da morte e das eclosões da vida, entre o Blau - moço, militar - e o Blau - velho, paisano -, ficou estendida uma longa estrada semeada de recordações - casos, dizia -, que de vez em quando o vaqueano recontava, como quem estende no sol, para arejar, roupas guardadas ao fundo de uma arca." Contos Gauchescos

"Foi assim e foi por isso que os homens, que quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, chamam-na desde então de boitatá, cobra de fogo, boitatá, a boitatá!" Lendas do Sul

"Findava aqui o calhamaço de que a princípio se falou, quando disse que recebi em certa hora de pleno dezembro, por véspera de Natal, quando eu estava, desesperado, a abanar mosquitos (...) Apenas ao canto da página, a lápis, havia uns dizeres que custei a decifrar, e que eram estes: o 2o. Volume será o dos 'Sonhos do Romualdo'" Casos do Romualdo

Raul de Leoni

Raul de Leoni Ramos (1895-1926) foi um autor altamente independente de seu tempo, sem filiações a movimentos literários. Amigo de Olavo Bilac, sua poesia continha muita influência parnasiana, mas também possuía características simbolistas e uma bela simplicidade misturada a preocupações filosóficas.

Augusto dos Anjos

Notoriamente solitário, Augusto Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914) formou-se em direito e foi professor de Português. Nervoso, misantropo e solitário, este possível ateu morreu de pneumonia dupla antes de assumir um cargo que lhe daria mais recursos, já que sua única obra foi impressa com recursos de seu irmão. Publicou apenas um único livro de poesias, Eu. Este livro foi mais tarde reeditado como Eu e outras poesias. Sua obra era profundamente pessimista e sua visão da morte como o fim, o linguajar e os temas usados, por muitos considerados como sendo de mau gosto, é única em nossa literatura.

"Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come e à vida em geral declara guerra,"

terça-feira, 19 de maio de 2020

A religião na Revolução Russa

Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com        www.youtube.com/accbarroso1
       

A religião na Revolução Russa

Rainer Sousa


O culto à Lênin: uma contradição no pensamento dos revolucionários russos?
Dentre as mais consagradas noções feitas contra o pensamento marxista, os críticos e suas teorias o acusavam de negar papel à crença religiosa. Equacionado a prática da religião ao uso de um entorpecente, muitos seguidores do ideário marxista passariam a defender o fim das práticas religiosas no interior da sociedade. Assim, como na França revolucionária, a Rússia de 1917 também se preocupou em redefinir o lugar ocupado pela religião.

Antes da tomada de poder empreendia pelos bolcheviques, a Rússia era um dos principais conglomerados do cristianismo ortodoxo. Valendo-se de suas igrejas, relíquias e influência política, o cristianismo ortodoxo conseguiu constituir-se enquanto uma das maiores religiões entre os povos eslavos. De forma semelhante ao catolicismo ocidental, a líderes da Igreja russa tinham grande preocupação em realizar acordos de cooperação política junto às autoridades e elites da Rússia czarista.

Ao legitimar a ordem das coisas, a Igreja viria a ser considerada inimiga dos revolucionários. Sob o comando de Lênin, Igreja e Estado perderam seus antigos vínculos e a liberdade religiosa foi instituída. Além disso, outras leis incentivavam a ampliação de ações públicas que prmovessem a disseminação do pensamento ateísta. O pensamento materialista ganhou destaque com a criação de locais considerados como grandes “museus do ateísmo”.

Outras exigências governamentais, de ordem mais incisiva, também foram empreendidas nesse período. Nos primeiros anos do governo leninista, diversas igrejas foram depredadas e vários clérigos foram presos ou executados. Algumas imagens foram incendiadas ou vendidas, e datas religiosas começaram a ser simplesmente ignoradas. O governo parecia querer substituir o racionalismo pela crença por meio dos poderes a ele atribuídos. No entanto, a separação entre essas duas formas de pensamento não surtiu o esperado efeito.

Além disso, se o fanatismo religioso fosse um mal a ser expurgado, diversas das ações políticas do governo socialista russo poderiam ser consideradas, no mínimo, contraditórias. Depois da morte de Lênin, seu corpo foi embalsamado e colocado em um verdadeiro altar público, o Kremlin, onde vários bolcheviques organizavam procissões para tocar e observar o corpo daquele que instalou a ditadura proletária russa. Seria no interessante nos questionar como um ideário materialista e racionalista abriu portas para uma demonstração de fé como essas.

Nesse sentido, podemos ver na perseguição religiosa do socialismo russo a crença inabalável em uma concepção que transforma a própria razão socialista em um tipo de fé religiosa. Os quadros vindouros da evolução socialista de Marx ou a suntuosidade dos desfiles das tropas militares russas eram, de certa forma, projeções que sonhavam com a construção de um novo Éden.

Idade Média

Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com        





Ilustração representando os médicos da Idade Média.
A Idade Média compreende o período entre a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, e a tomada de Constantinopla, pelos turcos, em 1453. É dividida em duas etapas: Alta Idade Média (século V ao X) e Baixa Idade Média (século X ou XV). Nesse período houve a predominância da Igreja Católica, que coordenava, regia e punia a população.

No início da Idade Média, o trabalho escravo foi desaparecendo, dando lugar ao feudalismo. O senhor feudal (suserano) cedia uma parte de suas terras ao trabalhador (vassalo) que nelas trabalhava. Dela este retirava os alimentos para seu sustento e, em troca, pagava uma taxa ao senhor.

No campo político, a Idade Média foi um período monárquico, com interferências da Igreja. Os reis nomeavam papas, bispos e padres, enquanto a Igreja coordenava as expedições de catecismo e retomada da Terra Santa, conhecidas como Cruzadas. O mundo islâmico também teve forte presença nesse período. Católicos e muçulmanos travaram um violento confronto, a fim de conquistar Jerusalém, a Terra Santa. Com a formação do Império Sacro-Romano Germânico, bárbaros e romanos se uniram contra o Oriente, proporcionando terríveis batalhas, em nome de Deus.

No campo cultural, temos a propagação das ideias cristãs e seu controle. A Igreja, detentora do conhecimento, traduzia os livros de Aristóteles e Platão, mas permitia somente o acesso às escrituras que não a confrontassem. Possuía uma vasta biblioteca, que era de seu uso exclusivo, já que os medievos, na maioria, eram iletrados. Na arquitetura, destaca-se a construção de castelos, feitos de pedra, para reforçar a proteção dos reis, constantemente em guerra.

Em 1453, Constantinopla, última lembrança do Império do Oriente, foi tomada pelos turcos. Seus habitantes, temorizados, fugiram para a Península Itálica, onde mais tarde vieram a compor o período que conhecemos como Renascimento, início da Idade Moderna. A Idade Média, no passado, foi considerada como um período negro da História, no qual predominou a ignorância e o messianismo. Mas, ao longo do tempo, este conceito foi mudando. Muitas respostas para conflitos contemporâneos podem ser encontrados nesse período. Além de ser riquíssimo em mistérios e dogmas, tão explorados pela indústria cinematográfica.
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segunda-feira, 11 de maio de 2020

O território brasileiro e sua extensão

O território brasileiro e sua extensão

Por Eduardo de Freitas




O Brasil ocupa grande parte da América do Sul
O Brasil ocupa o quinto lugar em extensão territorial com 9.372,614 km2, sendo superado respectivamente por Rússia, 17.075,400 km2; Canadá, 9.970,610 km2; China, 9.572,900 km2. São poucos os países que possuem territórios de grandes extensões, como é o caso do Brasil, que tem características continentais propiciando o desenvolvimento de uma grande variedade de paisagens, climas, relevos, além dos cinco fusos presentes no território.

O território brasileiro é pouco menor que toda a Europa, a diferença é que o continente Europeu possui 48 países com uma área de cerca de 10.360,000 km. Cada nação possui uma configuração diferente, cada território é determinado por acontecimentos históricos como colonização, independência, lutas religiosas, étnicas entre outras.

Um território organizado politicamente não se limita apenas à parte física (superfície terrestre), ele também abrange uma grande faixa oceânica em toda costa de seu domínio. O território é palco das relações políticas, administrativas, comerciais, que valorizam sua identidade nacional, como a moeda, língua, hino nacional e sua cultura como um todo.

Visualizando um território através de um mapa é possível notar o contorno de cada país, que é definido a partir dos limites territoriais, quando começa um e termina o outro (fronteiras entre países). A grande maioria dos limites territoriais é proveniente, em geral, por meio de acordos e tratados, muitos outros através de conflitos, dessa forma podemos afirmar que os territórios podem ser concebidos de maneira pacífica ou conflituosa.

Existem dois tipos de fronteiras, a artificial que corresponde à construção de um marco que determina os limites entre um território e outro e as fronteiras naturais, o limite dessas é determinado por um elemento da natureza como um rio, montanha etc.

Os territórios podem variar também conforme suas características geográficas, podendo ser contínuo ou descontínuo, o primeiro corresponde a um território que não é fragmentado quanto à superfície terrestre, o descontínuo se refere a territórios fragmentados como, por exemplo, os Estados Unidos que possui parte de suas terras distantes, a Dinamarca possui terras na Groenlândia que são isoladas do restante do país.

Legado Romano

Legado Romano

Rainer Sousa


Cultos religiosos públicos realizados pelos romanos.
Ao longo de sua história, a cultura romana foi nitidamente influenciada por diferentes povos. Muitas dessas trocas culturais desenvolveram-se com mais intensidade na medida em que o processo de expansão territorial romano foi ganhando maiores proporções. Mesmo estes chamando os estrangeiros de bárbaros, termo que diferenciava aqueles que não sabiam falar o latim, os romanos foram marcados principalmente pelas civilizações da própria Península Itálica.

POLÍTICA
No campo político, a questão do Estado e da cidadania fundava diversas concepções do cenário político romano. Saudar e defender Roma eram grande prova da valorização que o indivíduo tinha pela glória e o respeito às tradições do povo romano. Ao mesmo tempo, a organização da sociedade romana tinha muitos de seus aspectos vinculados às leis que regiam os mais diferentes temas do cotidiano romano. As leis eram formadas por diferentes códigos.

O Jus Civile era o principal conjunto de leis e era inspirado nos mais antigos costumes e tradições romanas. Desprovidos das mesmas benesses jurídicas, os estrangeiros tinham um código de leis próprio chamado Jus Gentium. Com relação às relações familiares, o direito romano destinava o Jus Publicum. A tradição jurídica em Roma consolidou diversas escolas de Direito que formavam os juristas responsáveis pelos processos jurídicos da época. Conservando seus princípios ao longo dos tempos, o Direito Romano influenciou a cultura jurídica de diferentes povos europeus.

RELIGIÃO
No campo religioso, os romanos dividiam sua prática religiosa entre os cultos particulares e públicos. Muitos dos cultos eram destinados aos gênios, espíritos e elementos da natureza. Os lares eram as divindades que tomavam conta da família e os penates zelavam da alimentação e dos bens materiais. Comidas e bebidas eram oferecidas em pequenos altares que reuniam os ícones representativos de cada uma das divindades.

Além dos deuses, os romanos também davam grande importância à reverência a seus antepassados que, mesmo depois de sua morte, poderiam conceder proteção e bênçãos aos seus sucessores. A classe sacerdotal romana contava com diferentes tipos de líder espiritual. Os vestais era um grupo formado por jovens que deviam manter acesa a chama do fogo sagrado, que atraia a atenção das divindades. Os flâmines eram sacerdotes responsáveis pelo culto de um deus específico. Os augures comunicavam-se com os deuses através de rituais sagrados e da observação da natureza. Por fim, haviam os feciais, que cuidavam do sucesso na relação com outros povos e nas guerras.

O culto romano ainda contava com um líder supremo chamado Pontífice Máximo. Sua principal incumbência era de controlar a passagem do tempo, garantir a regularidade das festas religiosas e recolher toda e qualquer manifestação útil na interpretação da vontade dos deuses. Com o passar do tempo, a religiosidade romana incorporou, com outros nomes a tradição religiosa do mundo grego. O deus Júpiter era equivalente ao maior dos deuses, e era esposo de Juno. Plutão era a divindade do além-vida, Netuno controlava os mares, Ceres era o deus das colheitas, Diana regia a Natureza e Marte representava a guerra.

COTIDIANO
Nos meios urbanos, diversas manifestações artísticas e esportivas eram desenvolvidas. A luta entre gladiadores, a corrida de bigas, o teatro e o jogo de dados eram algumas das atividades desempenhadas pelos romanos. A maioria da população vivia em casas bastante simples construídas em edificações de pequeno porte. Somente os mais abastados desfrutavam de uma ampla residência dotada de elementos decorativos, salas de banho, água encanada e rede de esgoto. As obras públicas demonstravam a habilidade dos romanos na construção de aquedutos, arcos e esgotos. Influenciados pelo padrão estético grego, prestigiavam as esculturas e a simetria das formas.

Entre homens e mulheres havia uma forte distinção que nos indica a feição patriarcal da cultura romana. Os homens podiam aprender a ler e escrever o latim e dominar conhecimento sobre matemática, arquitetura, religião, geografia e astronomia. Já as mulheres eram educadas com o claro propósito de exercerem funções domésticas ligadas a casa e os filhos. A educação regular romana era um privilégio para poucos, os jovens mais pobres reduziam seus saberes à prática da agricultura e do artesanato. Nessas mesmas classes menos privilegiadas, as mulheres podiam trabalhar ao lado do marido ou administrar um negócio próprio.

Comuna de Paris

Comuna de Paris

Rainer Sousa


Uma das barricadas formadas na capital francesa durante a Comuna de Paris, em 1871.
O século XIX foi palco de transformações políticas e econômicas que marcaram a ascensão da burguesia e o aparecimento dos movimentos socialistas. Esses dois fatos históricos perfilavam a configuração de um cenário bastante contraditório em Paris, capital da França. A cidade aproveitava os capitais de seu processo de industrialização para abrir bulevares, construir grandes palácios e belos jardins. Em contrapartida, seus trabalhadores viviam em cortiços insalubres e mal cheirosos.

Essa distinção social acontecia em meio ao governo de Napoleão III, que buscava ampliar os interesses do Estado e da burguesia com acordos diplomáticos e guerras que nem de longe tratavam dos interesses de seus mais humildes trabalhadores. Em 1870, Napoleão III se envolvia em uma guerra contra a Prússia, com o interesse de conquistar alguns territórios de uma Alemanha em pleno processo de unificação territorial. No entanto, seus planos não foram muito bem sucedidos.

A derrota na chamada Guerra Franco-Prussiana custou a destituição de Napoleão III da monarquia francesa e a instituiu um regime republicano controlado pelo general Louis-Adolph Tiers. A humilhação militar e a conturbação política da época serviram de incentivo para que a população se mobilizasse contra aquela situação vexatória. Em março de 1871, a população pegou em armas e expulsou a tropas prussianas que pretendiam controlar a capital da França.

Depois de defender de forma vívida a soberania do Estado Nacional francês, a população parisiense recebeu a notícia do aumento de impostos e aluguéis. Inconformada com tamanha arbitrariedade de um governo que mal sabia se defender, os trabalhadores saíram às ruas reivindicando melhores condições de vida. Assustado, o governo ordenou que a combalida Guarda Nacional sufocasse o protesto. No entanto, os soldados resolveram apoiar os manifestantes.

O caso de insubordinação inflou ainda mais o movimento de origem popular. Em resposta, o governo francês ordenou a execução sumária dos generais Clément Thomas e Lecomte. Logo em seguida, uma série de barricadas tomou conta da cidade de Paris e a Guarda Nacional tratou de organizar suas forças em pontos estratégicos para que os republicanos não retomassem o poder. Dessa forma, tinha início à chamada Comuna de Paris.

O governo popular chegava ao poder sobre forte inspiração dos escritos do pensador socialista Karl Marx e do anarquista Joseph Proudhon. Entre outras medidas, os chamados “assaltantes do céu” promoveram a separação entre Igreja e Estado, aboliu os aluguéis e os ricos palacetes saqueados. Enquanto isso, os republicanos assinaram um acordo com a Prússia pelo qual viabilizaram a formação de um exército com mais de 170 mil soldados.

No dia 21 de maio, as tropas republicanas deram início à chamada “Semana Sangrenta” que deu fim à comuna. Depois de experimentarem o poder durante setenta e dois dias, 20 mil dos revolucionários foram mortos e outros 35 mil encarcerados pelas tropas do general Thiers. Sem eleger heróis máximos, a Comuna de Paris veio a inspirar outras experiências de profunda transformação, como a Revolução Russa de 1917.

O genocídio bandeirante

O genocídio bandeirante

Rainer Sousa


O bandeirantismo foi responsável pela morte e exploração de um grande número de indígenas.
Usualmente, livros didáticos, reconstituições históricas, meios de comunicação costumam ressaltar uma imagem heróica dos bandeirantes paulistas que desbravaram os sertões brasileiros. Essa visão, perpetuada ao longo do tempo, vem sendo combatida por novas pesquisas historiográficas interessadas em desfazer essa perspectiva heróica que colocaram esse personagem histórico como um ícone positivo do nosso passado.

O primeiro ponto a ser questionado sobre o bandeirantismo gira em torno da idéia de que os mesmos empreendiam a livre busca de metais preciosos. Novos estudos indicam que o apresamento indígena foi a principal atividade dos bandeirantes, tendo em vista o desenvolvimento econômico da região paulista que passou a comercializar trigo e outras mercadorias com os centros urbanos próximos.

No entanto, a questão do uso da mão-de-obra indígena encobria uma verdadeira matança que, segundo documentação do século XVII, costumavam irromper a casa dos milhares. A escravidão, as péssimas condições de vida, a fome e as doenças acabavam transformando os índios em vítimas das duras imposições dos bandeirantes e proprietários de terra que usufruíam indiscriminadamente dessa força de trabalho.

Na medida em que os índios morriam pela mão dos colonizadores, o apresamento ganhava força maior para que fosse possível repor as perdas sofridas com a morte dos escravos. Dessa maneira, a escravidão indígena se tornou uma atividade corriqueira incentivada pela regularidade de seus mercados consumidores e os baixos preços investidos na obtenção desse tipo de escravo.

Apesar dos jesuítas fazerem frente à prática instituída pelos grandes proprietários da região paulista, as brechas na legislação da época permitiam que a utilização dos índios fosse preservada. Geralmente, alegando a chamada “guerra justa” contra os nativos “mais selvagens” ou usando a prospecção aurífera como desculpa, os bandeirantes conseguiam lucrar com a venda dos indígenas aprisionados.

Essas novas pesquisas históricas, ao contrário do que parece, não visam simplesmente desmistificar e criminalizar a figura dos bandeirantes. Antes disso, permite um novo olhar sobre as comunidades indígenas que tiveram que rearticular seu modo de vida frente ao processo predatório imposto pela colonização. A velha condição passiva e secundária normalmente atrelada à figura do índio perde lugar para as lutas e formas de sobrevivência dessas populações.

Entre outros episódios, os estudos históricos voltados à situação dos índios no período colonial trazem à tona a intensidade dos conflitos, a formação de novas comunidades e a resistência dos índios, principalmente dos guaianás, garulhos e guaranis. Paralelamente, o esforço político dos jesuítas também é destacado na decadência do uso da mão-de-obra indígena, quando os mesmos tinham interesse em controlá-los com o objetivo de garantir a expansão do cristianismo no ambiente colonial.

Com a redução da mão-de-obra indígena disponível, observamos que a economia paulista substitui a produção agrícola pela criação de gado, que exigia um contingente bem menor de escravos. Além disso, a descoberta de metais preciosos nas regiões de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás acabaram desarticulando o grande mercado gerado em torno do uso de índios como escravos. Dessa maneira, perdemos a visão heróica do bandeirante e reconhecemos um outro lugar a ser reservado ao índio em nossa história.