Apesar de diversos sites garantirem os benefícios do noni, a agência cita casos de efeitos colaterais sérios
Apesar de diversos sites garantirem seus benefícios, há suspeita de que o noni desencadeie hepatite e hepatotoxicidade
Foto:
stock.schng / Divulgação
A Morinda citrifolia, mais conhecida como noni, é o centro de uma
polêmica. Originário do sudeste asiático, o fruto amarelado, com cheiro
estranho (em alguns lugares, é chamado de fruta de queijo ou fruta de
vômito, devido ao odor) e gosto ruim, não é muito conhecido no Brasil,
mas bastante popular na Ásia e nas ilhas do Oceano Pacífico. As
principais formas de consumo são o suco de noni, as sementes da fruta
assadas, o chá das folhas e o extrato em cápsulas — embora os aborígenes
australianos prefiram consumi-la crua com sal.
Apesar de alardeado como dono de mais de 101 aplicações medicinais — entre elas, ação anti-inflamatória e antioxidante, melhora do sistema digestivo, e até a cura do câncer —, o alimento é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o órgão, as poucas informações e os estudos toxicológicos disponíveis até o momento são insuficientes para um consumo seguro. Os testes foram realizados somente em ratos. "Com o intuito de proteger e promover a saúde da população, os produtos contendo noni não devem ser comercializados no Brasil como alimento até que os requisitos legais que exigem a comprovação de sua segurança de uso sejam atendidos", diz o informe.
Apesar de diversos sites na internet garantirem os benefícios do noni — com direito a depoimentos de pessoas cujos males supostamente regrediram com o uso —, a agência cita casos de efeitos colaterais sérios. Por exemplo, há suspeita de que o fruto desencadeie hepatite e hepatotoxicidade. A professora de nutrição Juliana Toledo explica que os problemas hepáticos ocorrem porque o fígado é a porta de entrada de qualquer substância no organismo, funcionando como um filtro. Como não há pesquisas conclusivas, não se pode dizer com certeza se a causa do fenômeno é a composição nutricional da fruta ou a ingestão exagerada — a recomendação é de, no máximo, 30ml do suco por dia. Ou seja, menos do que uma xícara de café.
É verdade que existem alguns artigos científicos comprovando os efeitos do noni. A maioria vem de países asiáticos e é escrita a partir do uso feito por consumidores regulares — em geral, incrivelmente longevos. É a chamada medicina baseada em evidências.
— Mas a população asiática tem um estilo de vida completamente diferente do do homem ocidental, cultural e nutricionalmente falando. Não se pode atribuir a longevidade só ao noni, há outros fatores envolvidos. Por isso, não se aceitam esses estudos como base — explica Juliana.
Sob suspeita até segunda ordem
Defensores do noni alegam que a fruta é rica em proxeronina, mas não há testes que provem a presença ou a função real da substância no organismo. Outra alegação é que é rica em antioxidantes, substâncias capazes de combater os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento.
— A fruta é muito nutritiva, e contém mesmo antioxidantes. O problema é que as pessoas acham que os antioxidantes são a solução contra o envelhecimento. Os radicais livres vão surgindo ao longo da vida, não é tão simples erradicá-los. Não há a comprovação científica dos polifenois que dizem existir no noni — alerta a nutricionista Juliana Toledo.
Ela conta que alguns produtos derivados do noni continuam sendo comercializados sob a alegação de que estariam protegidos pela Resolução nº 27/2010 da Anvisa, que isenta alguns alimentos de registro. Porém os fabricantes não podem rotular suas embalagens sem o conhecimento do órgão — e o noni se encaixa como "alimentos com alegações de propriedade funcional e/ou de saúde", que precisam de registro.
— Os produtos acabam sendo vendidos em feiras e farmácias de forma ilegal, enganando o consumidor — alerta.
Apesar da proibição, não é difícil encontrar produtos derivados do noni. Em busca rápida na internet, quatro sites de venda aparecem logo na primeira página, oferecendo sucos, chás, cápsulas e até mudas da planta.http://zerohora.clicrbs.com.br
Apesar de alardeado como dono de mais de 101 aplicações medicinais — entre elas, ação anti-inflamatória e antioxidante, melhora do sistema digestivo, e até a cura do câncer —, o alimento é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o órgão, as poucas informações e os estudos toxicológicos disponíveis até o momento são insuficientes para um consumo seguro. Os testes foram realizados somente em ratos. "Com o intuito de proteger e promover a saúde da população, os produtos contendo noni não devem ser comercializados no Brasil como alimento até que os requisitos legais que exigem a comprovação de sua segurança de uso sejam atendidos", diz o informe.
Apesar de diversos sites na internet garantirem os benefícios do noni — com direito a depoimentos de pessoas cujos males supostamente regrediram com o uso —, a agência cita casos de efeitos colaterais sérios. Por exemplo, há suspeita de que o fruto desencadeie hepatite e hepatotoxicidade. A professora de nutrição Juliana Toledo explica que os problemas hepáticos ocorrem porque o fígado é a porta de entrada de qualquer substância no organismo, funcionando como um filtro. Como não há pesquisas conclusivas, não se pode dizer com certeza se a causa do fenômeno é a composição nutricional da fruta ou a ingestão exagerada — a recomendação é de, no máximo, 30ml do suco por dia. Ou seja, menos do que uma xícara de café.
É verdade que existem alguns artigos científicos comprovando os efeitos do noni. A maioria vem de países asiáticos e é escrita a partir do uso feito por consumidores regulares — em geral, incrivelmente longevos. É a chamada medicina baseada em evidências.
— Mas a população asiática tem um estilo de vida completamente diferente do do homem ocidental, cultural e nutricionalmente falando. Não se pode atribuir a longevidade só ao noni, há outros fatores envolvidos. Por isso, não se aceitam esses estudos como base — explica Juliana.
Sob suspeita até segunda ordem
Defensores do noni alegam que a fruta é rica em proxeronina, mas não há testes que provem a presença ou a função real da substância no organismo. Outra alegação é que é rica em antioxidantes, substâncias capazes de combater os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento.
— A fruta é muito nutritiva, e contém mesmo antioxidantes. O problema é que as pessoas acham que os antioxidantes são a solução contra o envelhecimento. Os radicais livres vão surgindo ao longo da vida, não é tão simples erradicá-los. Não há a comprovação científica dos polifenois que dizem existir no noni — alerta a nutricionista Juliana Toledo.
Ela conta que alguns produtos derivados do noni continuam sendo comercializados sob a alegação de que estariam protegidos pela Resolução nº 27/2010 da Anvisa, que isenta alguns alimentos de registro. Porém os fabricantes não podem rotular suas embalagens sem o conhecimento do órgão — e o noni se encaixa como "alimentos com alegações de propriedade funcional e/ou de saúde", que precisam de registro.
— Os produtos acabam sendo vendidos em feiras e farmácias de forma ilegal, enganando o consumidor — alerta.
Apesar da proibição, não é difícil encontrar produtos derivados do noni. Em busca rápida na internet, quatro sites de venda aparecem logo na primeira página, oferecendo sucos, chás, cápsulas e até mudas da planta.http://zerohora.clicrbs.com.br