quarta-feira, 20 de maio de 2020

A Europa no tempo de Napoleão

A Europa viveu um período de grande intranquilidade após a Revolução Francesa. De um lado, a burguesia francesa não tinha paz com as constantes ameaças de monarquistas e revolucionários radicais (jacobinos). Ela precisava de um grande líder que consolidasse a revolução burguesa no país. Terminou escolhendo Napoleão Bonaparte, que se tornaria um dos personagens mais controvertidos da história ocidental. Do outro lado, as monarquias tradicionais européias temiam o avanço dos ideais revolucionários em seus países. Acabaram se aliando para lutar contra o expansionismo francês. Era a reação conservadora para manter o Antigo Regime.
Napoleão Bonaparte
Napoleão Bonaparte
A Ascensão

Napoleão havia nascido na Ilha de Córsega e seguira carreira militar. Ao iniciar a revolução, ele adere prontamente como partidário dos Jacobinos, se destaca nas ações militares em Toulon e graças à sua brilhante atuação é nomeado general-de-brigada com apenas 24 anos. Se internamente o Diretório enfrentou uma situação de problemas insolúveis, buscou externamente, nas guerras, levantar ânimo e finanças.

Napoleão foi, então, indicado para liderar as tropas francesas contra os austríacos no norte da Itália, entre 1796 e 1797, onde após seguidas vitórias assinou o Tratado de Campo Fórmio, dando à França o domínio sobre a Bélgica e a margem esquerda do Reno.

Após tal sucesso, Napoleão concebe um plano de expansão que visava combater a Inglaterra através da conquista do Egito, ponto de ligação comercial dos britânicos com o Oriente.

Contando com 467 navios e 40.000 soldados, entre 1798 e 1799, enfrentou e venceu exércitos egípcios, turcos e ingleses, embora tenha perdido a frota naval em Abukir, quando a marinha inglesa, sob o comando de Nelson, saiu-se vitoriosa. Napoleão deixou seu exército no Egito e voltou para a França, onde o Diretório enfrentava dificuldades.

O Diretório estava pressionado pelas disputas políticas, onde por um lado eram atacados pelos monarquistas que pretendiam a volta ao antigo regime e, por outro, os Jacobinos queriam a volta ao regime da Convenção.

Essas dificuldades políticas aliada à crise financeira e á corrupção e incompetência dos Diretórios, levam a alta burguesia a articular um golpe de estado visando estabelecer um governo forte que desse estabilidade ao país. Com o apoio de Napoleão, alguns membros do Diretório executam esse golpe em 9 de novembro ( 18 Brumário no calendário revolucionário ) conhecido como Consulado.

O Consulado ( 1799-1804 )


Apesar de aparentemente ser uma república democrática, o governo passou a ser exercido despoticamente por Napoleão, como uma monarquia militar.

Napoleão sabia que para se manter no poder, precisava contar com o apoio tanto da alta como da pequena burguesia. Para isso, procurou garantir a segurança interna e a paz externa.

No plano externo, derrota novamente os austríacos e assina a paz de Amiens com os ingleses.

Internamente, toma várias medidas para reorganizar a administração do Estado e estabelecer a paz adotando uma política de conciliação; aperfeicoou a arrecadação dos impostos e criou o Banco da França com um grupo de banqueiros, melhorando sensivelmente a situação econômica; reorganizou o ensino e estabeleceu a paz com a Igreja Católica através da Concordata ( o papa reconhecia a perda dos bens eclesiástico e, em troca, o Estado não interferiria com os cultos religiosos ), e criou o Código Civil, que foi uma compilação sistemática de leis, cujo objetivo principal era assegurar à burguesia o usufruto da propriedade.

O êxito da política interna e externa dão uma grande popularidade a Napoleão, que recebe, em 1802, o direito de indicar seu sucessor: era, de fato, o estabelecimento de uma monarquia hereditária.

Em 1804, com total apoio da burguesia, faz realizar um plebiscito que lhe confere o título de imperador.

O Império Napoleônico ( 1804-1814 )
Império Napoleônico

O Império Napoleônico foi, para a França e a Europa, um período de guerras constantes, tanto pela ambição francesa que buscava ampliar suas fronteiras, quanto pela identificação, por parte dos demais países europeus, do governo de Bonaparte, com o triunfo das idéias revolucionárias.

Em dezembro de 1804, Napoleão é coroado( o fato curioso foi que, quem iria colocar a coroa na cabeça de Napoleão, era o papa, e na hora em que o papa o iria coroar, ele tirou a coroa da mão do papa e ele próprio colocou a coroa em sua cabeça, foi sem dúvida uma agressão ao papa e uma forma de Napoleão mostrar seu poder ao clero ). Restaurava-se a monarquia sob a forma de império autoritário, com uma nova corte, formada e criada por uma nobreza imperial, com os títulos tradicionais.

O governo tornou-se despótico, desrespeitando as liberdades individuais e políticos, embora o Império desse à França uma prosperidade que lhe valeu o apoio de todas as classes da população.

As reformas econômicas continuavam. O Estado intervinha na economia associado à burguesia, enquanto a agricultura e a indústria recebiam programas de desenvolvimento. A estabilidade interna garantia a paz necessária ao desenvolvimento material, concretizando a aliança do governo com a burguesia.

Externamente, desde 1803, houve o reínicio da guerra contra a Inglaterra, que contava com o apoio dos reis absolutistas, que viam em Napoleão a continuação dos ideais da Revolução Francesa e temiam que estes ideais se infiltrassem através de suas fronteiras.

A Inglaterra, apesar de ser uma nação liberal, via na prosperidade do capitalismo francês uma ameaça na disputa de mercados comerciais para os produtos de sua Revolução Industrial.

Em 1805, a Inglaterra, Àustria e Russia se unem na terceira Coligação contra a França. Os ingleses vencem no mar, em Trafalgar, mas os austro-russos são derrotados em terra na batalha de Austerlitz.

Para enfraquecer a economia inglesa, Napoleão decreta o Bloqueio Continental, obrigando todos os países europeus a fecharem seus portos ao comércio inglês ( é nesse ponto da história que a família real portuguesa tem que fugir para o Brasil, devido ao furo no Bloqueio Continental ). Nessa época, praticamente toda a Europa estava sob o domínio ou influência de Napoleão: seu exército, bem organizado e numeroso, perecia invencível.

Em 1812, a Rússia, que dependia do comércio inglês, rompe o bloqueio decretado por Napoleão que, em represália, acaba invadindo-a.

A Campanha da Rússia acabaria sendo um desastre para o exército napoleônico( 95 % do seus soldados morreram de fome e frio ). Após uma uma fácil penetração em território russo, os franceses são dizimados pelo rigoroso inverno, tendo que bater em retirada fustigados pela reação do exército russo ( os russo incendiavam as próprias cidades para que, quando o exército francês chegasse não tivesse nem água, alimentos e roupas )

Incentivados por essa derrota, a Prússia e a Áustria se unem à Rússia, vencendo Napoleão em Leipzig ( 1813 ). Em seguida, invadem a França e abrigam Napoleão e renunciar se retirando para a pequena Ilha de Elba.

Governo dos Cem Dias

A dinastia dos Bourbons é restaurada, subindo ao trono Luís XVIII, irmão do rei guilhotinado durante a revolução, mas , diante da insatisfação popular, Napoleão tenta retomar o poder: foge da Ilha de Elba e volta a Paris ovacionado pelo povo.

Inicia-se então, um período conhecido como " Governo dos Cem Dias ". Tenta reorganizar o exército, mas, é definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo ( 1815 ) por ingleses e prussianos. O rei Luís XVIII, que havia fugido, volta ao trono.

Napoleão é considerado prisioneiro de guerra e é enviado para a Ilha de Santa Helena, onde morre, em 1821.

O Congresso de Viena

Os países europeus se reuniram, após a deposição de Napoleão, em Viena para reorganizar politicamente o continente europeu.

Embora todos os países da Europa fossem convidados para este congresso, as decisões ocorreram entre as quatro potências da época: Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia.

O Princípio da Legitimidade, proposto por Talleyrand, representante francês e ex-acessor de Napoleão, orientou as decisões que restabeleceram as fronteiras anteriores à Revolução Francesa, restaurando as monarquias absolutistas.

Temerosos de que os ideais revolucionários franceses retornassem na Europa, os reis absolutistas organizaram um instrumento de intervenção contra movimentos revolucionários ou separatistas; a Santa Aliança, formada inicialmente pela Rússia, Áustria e Prússia, tinha o objetivo de manter a ordem estabelecida contra qualquer manifestação revolucionária.

O presidente norte-americano, James Monroe, temeroso de que a Santa Aliança intervisse nos processos de independência na América lançou, em 1823, o preceito conhecido como Doutrina Monroe, que considerava ato de agressão aos Estados Unidos qualquer tentativa de interferência européia em assuntos políticos americanos, sintetizada na frase " A América para os americanos "

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