Segundo o Censo de 2000 e uma pesquisa conduzida pela Unifesp em hospitais públicos brasileiros, respectivamente, 99% das gestantes entre 11 e 19 anos conhecem os preservativos e a pílula anticoncepcional. Então, é o caso de se perguntar: por que as adolescentes engravidam?
Em primeiro lugar, fica evidente que conhecer um método anticoncepcional não é garantia de fazer uso dele na hora necessária. Uma explicação para esse desencontro entre informação e atitude é que as campanhas sobre sexo seguro e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis podem estar atingindo somente as mulheres a partir de uma certa idade, sem causar impacto entre as adolescentes.
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Inibição de alto risco
Em entrevistas de programas de TV voltados para o público juvenil, é comum ouvirem-se jovens dizendo que não falam sobre preservativos, com os parceiros ou parceiras devido à falta de intimidade com eles. Sentem-se inibidos, inseguros e, por isso, preferem não tocar no assunto.
Já com as mulheres adultas a situação se revela diferente: elas são mais seguras e têm mais clareza do que querem. Estão informadas sobre sexo seguro e previnem-se mais. Esse comportamento pode ser notado pelo fato de estarem engravidando cada vez mais tarde, bem como optando por ter menos filhos.
Na verdade, é preciso reduzir o descompasso entre o conhecimento dos anticoncepcionais e a consciência da necessidade de usá-los por parte dos jovens. Para isso, talvez seja importante refletir sobre a intimidade, já que ela é parte integrante do relacionamento sexual.
Quem tem coragem de expor seu corpo nu ao parceiro e entregar-se a ele não deveria ter medo de conversar sobre esse ato. Afinal, o diálogo é sempre a melhor maneira de se resolver qualquer problema. Uma conversa franca antes de chegar às vias de fato pode evitar conseqüências desastrosas.
* Maria Aparecida de Almeida Lico é bióloga e professora de Ciências, no Colégio Ítaca e no Núcleo Educacional Granja Viana.
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