Colégio Estadual Dinah Gonçalves
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A água que abastece nossa cidade e chega até nossas torneiras vem de reservatórios de água doce, superficiais ou subterrâneos, chamados de mananciais.
A região metropolitana de São Paulo, por exemplo, é abastecida por diversos mananciais que, por englobarem uma série de cursos d'água e de represas, são chamados de sistemas. Os principais sistemas que abastecem essa região são: sistema Cantareira, sistema Guarapiranga, sistema Billings, sistema Rio Claro, sistema Rio Grande, sistema Alto Tietê, sistema Ribeirão da Estiva e sistema Alto Cotia. A região metropolitana da capital paulista, para se ter uma idéia, utiliza cerca de 6 bilhões de litros diários.
Qualidade de água e saúde
No entanto, a água desses reservatórios não é própria para o consumo humano, ou seja, não é potável. Vários poluentes ou microorganismos patogênicos podem ser encontrados nas águas dos mananciais. O despejo indevido de esgoto, a falta de planejamento da urbanização, o despejo de resíduos industriais e o desmatamento são alguns dos fatores que contribuem para a poluição e a degradação dessas áreas.
A destruição dos mananciais, aliás, acarreta sérios problemas no abastecimento da cidade, que precisa recorrer a fontes de água cada vez mais distantes para suprir sua demanda hídrica.
Assim, antes de chegar até nossas casas, a água dos mananciais percorre uma longa distância e passa por uma série de tratamentos físicos e químicos, para que se torne própria para o consumo. Esses processos são realizados nas Estações de Tratamento de Água (ETA) que, então, redistribuem a água para a cidade.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o processo de tratamento de água é responsável por uma grande melhoria na qualidade de vida da população, reduzindo o índice de mortalidade infantil e a disseminação de doenças como hepatite, cólera e febre tifóide.
No entanto, a associação entre a qualidade de água e a saúde não é uma descoberta recente. Hipócrates, em 400 a.C., já relacionava a qualidade de água de uma cidade à saúde de sua população. Porém, essas observações foram esquecidas por mais de 2.000 anos, até que, no século 19, a primeira estação de tratamento de água foi criada na Inglaterra. Essa estação filtrava a água do rio Tâmisa para abastecer a cidade de Londres.
Etapas do tratamento
A primeira etapa pela qual a água passa ao chegar à estação de tratamento é chamada de pré-cloração. Nela ocorre a adição de cloro à água, eliminando microorganismos que podem ser nocivos à saúde humana.
Em seguida, ocorre a pré-alcalinização, que corresponde à adição de cal, ou soda cáustica. Essas substâncias, por serem básicas, elevam o pH da água, tornando-o adequado para as reações das próximas etapas.
Sabesp - Reprodução
Etapas do tratamento da água
Após a alcalinização é realizada a etapa chamada de coagulação. Nessa fase um agente coagulante é adicionado à água. Geralmente, adiciona-se sulfato de alumínio, que se dissolve na água e, em seguida, se precipita na forma de hidróxido de alumínio. Nesse processo, as impurezas se agregam, formando flocos. Daí o nome da etapa seguinte ser floculação.
A água com esses grandes flocos passa para reservatórios onde ocorrerá a decantação dos flocos de impurezas. Após a decantação, a água segue para grandes filtros, compostos por seixos de diversos tamanhos e carvão mineral, onde ficam retidas partículas que não foram removidas durante a decantação.
A seguir, a água passa pela etapa chamada de pós-alcalinização, quando são adicionadas substâncias para corrigir o seu pH final e evitar a corrosão ou a deposição de partículas nas tubulações.
Por último são realizadas as etapas de desinfecção e fluoração. Na desinfecção o cloro é novamente adicionado à água para eliminar microorganismos. Na fluoração é realizada a adição de flúor na água, o que ajuda na prevenção de cáries na população.
Ao final desse processo, a água segue para os consumidores e deve estar inodora, insípida, incolor e dentro de parâmetros de qualidade estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.
Controles
Para assegurar a qualidade da água fornecida à população, existem leis que obrigam a realização de testes de controle de amostras, desde o local de origem da água até seu destino final, na rede hídrica da cidade. Entre os parâmetros monitorados estão as concentrações de cloro e flúor, a turbidez, a cor, o pH e a presença de coliformes fecais.
Como vimos, o cloro é adicionado à água para eliminar microorganismos nocivos à saúde humana. Porém, ao deixar a estação de tratamento, a concentração dessa substância na água deve estar, dependendo do processo utilizado em seu tratamento, entre 0,2 e 2 mg/l.
A concentração ideal de flúor na água é calculada de acordo com a temperatura e pela média de consumo diário por indivíduo da região abastecida. Para a cidade de São Paulo, tal concentração está entre 0,6 e 0,8 mg/l.
A turbidez corresponde a uma medida de resistência da água à passagem da luz, sendo que quanto maior a quantidade de partículas em suspensão na água, maior a sua turbidez. Assim, a água fornecida à população deve ser límpida e também incolor.
O pH da água não deve ser muito ácido, para evitar a corrosão da tubulação, nem muito básico, para evitar a deposição de partículas que podem entupir o encanamento.
Os coliformes fecais são bactérias que, dependendo da concentração, podem provocar problemas de saúde na população. Portanto, a concentração desses microorganismos deve ser monitorada para avaliar a qualidade da água distribuída.
Economia de água
A quantidade de água doce é pequena quando comparada com o volume total de água existente na Terra. O consumo de água nos grandes centros urbanos muitas vezes é próximo do limite máximo de fornecimento dos mananciais que os abastecem.
Essa situação pode gerar problemas de abastecimento durante períodos de estiagem, levando à necessidade de racionamento de água. A longo prazo, o consumo exacerbado pode ter conseqüências ainda mais graves, provocando uma falta de água potável generalizada.
Para evitar essa situação é necessário adotar medidas de proteção aos mananciais, bem como de conscientização da necessidade de um consumo responsável por toda a população, evitando desperdícios desse precioso bem que é a água potável.
Alice Dantas Brites é professora de biologia.
http://educacao.uol.com.br/biologia
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