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segunda-feira, 11 de maio de 2020

Câmaras Municipais do Brasil Colônia

As vilas e cidades da colônia, como previam as ordenações Reais, existiam as Câmaras Municipais. Representativas do poder local, as Câmaras ou Conselhos Municipais garantiam a participação política dos senhores de terras, membros da aristocracia rural, os “homens bons”. Eram presididas por um juiz ordinário e formadas por três vereadores, todos escolhidos localmente. Nas vilas principais, existia também a figura do juiz de fora, cuja nomeação era feita diretamente pela Coroa. A autonomia municipal era simbolizada pelo pelourinho, um marco erigido na praça principal da povoação.
As atribuições das Câmaras Municipais
As Câmaras Municipais possuíam inúmeras atribuições, como a nomeação de servidores locais, o exercício de papel de polícia local, a verificação do peso e do preço das mercadorias e a designação de procuradores, seus representantes perante o governo da metrópole. Além disso, legislavam em nível local, através das posturas municipais.
Em alguns casos, suas atribuições superavam os limites das vilas, influenciando na lotação de cargos da administração metropolitana ou exercendo encargos que eram privativos do ministério público, ignorando a autoridade do governador-geral e relacionando-se diretamente com Lisboa.
O poder das edilidades coloniais é explicado pelo caráter agrário que assumiu a colonização brasileira, uma vez que as vilas eram meras extensões do mundo rural, marcado pelo predomínio dos grandes proprietários de terras e de escravos. Assim, dentro da luta secular contra o centralismo, representado por funcionários e por órgãos metropolitanos, as Câmaras Municipais significaram, sempre, a força viva do localismo político.

O golpe da maioridade


A chegada de Dom Pedro II ao poder foi viabilizada pelo Golpe da Maioridade.
Ao longo de todo o período regencial, percebemos que o conflito político entre liberais e conservadores tomava conta dos principais espaços de discussão política do império brasileiro. Afinal, havia uma expressa preocupação em se saber qual modo de governo poderia oferecer estabilidade suficiente até que Dom Pedro II estivesse em condições de assumir o governo do Brasil. Entre tantos desafios, a postura rígida dos conservadores acabou tendo força para dominar politicamente a regência.
Defendendo a manutenção de um sistema político fortemente centralizado, os conservadores não tiveram só que enfrentar as críticas e a oposição de seus oponentes liberais. A partir de 1834, observamos que uma série de rebeliões expunha a delicadeza da recém-formada nação brasileira. Em diferentes regiões do país, grupos descontentes com a economia ou a estrutura política autoritária desafiavam a autoridade dos conservadores e ameaçavam a unidade do território brasileiro.
Interessados em ter maior participação política, os membros do partido liberal começaram a liderar um movimento reivindicando a antecipação da maioridade de Dom Pedro II. Mesmo jovem, o futuro imperador era popular e detinha a positiva imagem de um jovem estudioso que se preparava longamente para assumir o controle da nação. Dada essa situação, os liberais começaram a defender a aprovação de um projeto de lei que antecipasse o desenvolver do Segundo Reinado.
No ano de 1840, a mobilização dos liberais ganhou maior força com a organização do chamado Clube da Maioridade, que passou a difundir de modo mais incisivo a chegada de D. Pedro II ao trono. Não suportando as pressões e as revoltas que tomavam conta do país, os próprios partidários da ala conservadora se mostravam simpáticos à execução dessa manobra política. De tal modo, no dia 23 de julho de 1840, com apenas 14 anos de idade, D. Pedro II assumiu o Poder Executivo do país com aprovação da assembleia.
Em termos práticos, essa mudança não estabeleceu transformações significativas no cenário político brasileiro de até então. Conservando os pilares fundamentais da Constituição de 1824, D. Pedro II estabeleceu a organização de artifícios que distribuíram o poder político da época entre liberais e conservadores. Vale lembrar que, mesmo compondo diferentes partidos, liberais e conservadores tinham uma mesma origem social abastada e partilhavam de vários interesses em comum.
Por Rainer Sousa
Mestre em História

Fim do Primeiro Império


Impotente frente a seus opositores, Dom Pedro I abdicou o trono brasileiro em 1831.
A autoridade de Dom Pedro I, desde os primórdios de seu governo, sofreu forte oposição de setores políticos diversos. Seja por sua ineficiência e por suas atitudes autoritárias, Dom Pedro I foi alvo de críticas que desgastavam a ordem política instituída.
A imposição da Constituição de 1824, o episódio da Confederação do Equador e o envolvimento do rei na sucessão do trono português figuravam os principais episódios responsáveis pelo desgaste político de Dom Pedro.

No ano de 1831, a situação se agravou com novos episódios. Os jornais, já acostumados a criticar o rei, intensificaram seus ataques com a notícia do assassinato do jornalista Líbero Badaró. Tempos mais tarde, a chamada Noite das Garrafadas acirrou o cenário político, onde brasileiros não mais suportavam a influência dos lusitanos nos postos governamentais do país. Dessa forma, Dom Pedro I tentou reverter essa situação com a renovação do seu quadro de ministros.

Na semana posterior à Noite das Garrafadas, o rei criou um novo ministério liberal composto apenas por brasileiros. Em abril de 1831, em data próxima às festividades que comemorariam o aniversário da princesa Maria da Glória, Dom Pedro I ordenou que seus ministros tomassem medidas contra possíveis novas manifestações de repúdio. Não tendo sua exigência atendida, Dom Pedro tomou providências destituindo o ministério brasileiro e reintegrando antigas figuras políticas que apoiavam o autoritarismo monárquico.

Quando a notícia sobre o novo ministério chegou aos ouvidos dos populares, uma nova onda de protestos sitiou o Campo de Santana. A pressão política exercida pelos manifestantes foi em vão. Empunhando um exemplar da constituição, outorgada, Dom Pedro reafirmou os artigos que lhe garantiam o direito de nomear e demitir ministros a qualquer hora. A intransigência imperial só agravou a delicada situação. Os revoltosos do Campo de Santana passaram a ganhar expresso apoio de algumas autoridades militares do Império.

Com apoio político reduzido, Dom Pedro I não viu outra opção senão renunciar. Na noite de 7 de abril de 1831, o rei entregou ao major Miguel de Frias a carta contendo a oficialização de sua renúncia. No mesmo documento, o rei deixava seu filho Dom Pedro II como príncipe sucessor do trono brasileiro. Aos cinco anos de idade, Dom Pedro II teve seus poderes transferidos para um governo regencial, que duraria a até o alcance de sua maioridade.
Por Rainer Sousa
Mestre em História

Da Monarquia à República

Resenha Crítica
As razões consagradas tradicionalmente em nossa historiografia são suficientes para dar conta do processo que resultou na superação da monarquia e conseqüente instalação da República no Brasil? No trabalho em epígrafe, a historiadora Emília Viotti afirma que não. Segundo ela, é " lugar – comum" entre os historiadores sustentar a explicação histórica em cima de argumentos recorrentes e justapostos que não passam de interpretações superficiais e pouco objetivas. "Faltam estudos sistemáticos e de conjunto sobre a questão e as versões tradicionais continuam repetidas nos manuais didáticos," (p. 326) .
Para consubstanciar sua tese, Viotti propõe uma espécie de revisionismo historiográfico em que discute a qualidade das fontes selecionadas para a elaboração do discurso (documentos testemunhais) e o tipo de leitura que se pode realizar em função dos limites pertinentes à natureza de tais fontes (paixão, ignorância, inexatidão, etc.). De igual modo afirma que as primeiras versões apresentadas pelos monarquistas que consideravam a República um ato de insubordinação e revanchismo, e pelos Republicanos, necessárias correções de vícios, estavam eivadas de ressentimentos derivados de antagonismos entre tais grupos.
Para Viotti, o discurso produzido na 2ª década do século XX é marcado pelo presentismo justificador e pela influência positivista que opõe a noção de "ação individual x processo." É, de fato, na 3ª década do século XX que a historiografia realiza progresso. "Abandonando as versões subjetivas dos testemunhos, procuram os historiadores explicar a queda da Monarquia pela inadequação das instituições vigentes ao progresso do país".(p.225) E, desse modo, inaugura-se nova perspectiva de abordagem do episódio . É nesse particular que reside a contribuição da autora: fazer uma releitura do episódio com mudança de enfoque, promovendo reparos nas versões até então elaboradas e, assim, estabelecer novos parâmetros para a compreensão do processo de construção do projeto republicano no Brasil .
Após examinar, ponderar e expurgar os excessos da argumentação tradicional (a alegada tríade de questões: da abolição, militar e religiosa) estabelece o que na sua visão seriam os verdadeiros pressupostos para a eclosão do movimento republicano: as contradições entre os diversos interesses de grupos econômicos distintos; a distância das províncias em relação ao centro do poder e, por fim, a dificuldade de acomodação política das novas forças econômicas (muito condicionadas pela nova ordem econômica mundial então vigente) que acabaram por arrastar o regime monárquico a um nível de inércia que o inviabilizou definitivamente como projeto de governo. Enfatiza, ainda , a necessidade de atualizar o discurso historiográfico em razão dos novos horizontes da historiografia, o que ,segundo defende ,ajuda a ampliar o campo conceitual do historiador.
Emília Viotti da Costa é professora emérita de História da América Latina da Universidade de Yale (EUA), professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e autora dos livros "Da Senzala à Colônia" (Unesp), "Coroas de Glória", "Lágrimas de Sangue"(Companhia das Letras), entre outros. A historiadora, em tela, segue a linha da história social .
Da Monarquia à República: momentos decisivos, 5ª edição, VIOTTI, Emília da Costa, São Paulo, 1987 (p. 321 – 361).
Autoria: Giovanni Saraceni

Cabanagem


A Cabanagem mobilizou uma ampla parcela das classes subalternas paraenses.
Entre os principais conflitos do período regencial, a Cabanagem ganha especial destaque em função de sua trajetória de caráter popular. Na região, que hoje compreende as regiões do Pará e do Amazonas, a economia vivia em função de atividades extrativistas e o cultivo de culturas de cacau, algodão, tabaco e arroz. Além disso, a cidade de Belém estabelecia-se enquanto ponto maior das atividades comerciais controladas por portugueses e britânicos.

Na época, a estrutura econômica excludente e dependente da agricultura agro-exportadora concebia um cenário de desolação sócio-econômica das camadas populares. Ao mesmo tempo, a distância e a falta de assistência do governo central gerava um clima de animosidades por parte das esferas de poder local. Nesse contexto, temos um primeiro episódio conflituoso, quando em 1832 os paraenses pegam em armas para impedir a posse de um governador nomeado pelo governo regencial.

Resistindo à insatisfação dos paraenses, a regência nomeou o conservador Bernardo Lobo Sousa para governar o Grão-Pará. Impondo uma política essencialmente repressora, Bernardo Lobo perseguiu sistematicamente aqueles que oferecessem qualquer tipo de ameaça à sua autoridade. Tamanha inflexibilidade somente aumentou as tensões internas, que viriam a eclodir tempos depois.

No ano de 1835, um grupo de revoltosos tomou a capital Belém de assalto e assassinou o então governador da província. Nesse momento, lideranças da elite e das camadas populares surgiram com certa expressão. Resistindo ao movimento das forças regenciais, os cabanos entregaram o poder nas mãos do fazendeiro Félix Antônio Malcher. Em pouco tempo, as reivindicações mais profundas dos populares instigou a saída dos grandes proprietários desse movimento.

A partir de então, o comando da Cabanagem cai nas mãos dos Irmãos Vinagre e do seringueiro Eduardo Angelim. No meio tempo em que a rebelião se reorganizava, o governo regencial enviou tropas lideradas pelo mercenário inglês John Taylor. A vitória das forças oficiais não veio a se estabelecer de forma plena. Comandando mais de 3 mil populares, Eduardo Angelim conseguiu reaver o controle da capital paraense.

A chegada de Angelim ao poder dava pistas de uma vitória do levante popular. No entanto, a ausência de outras províncias participantes e a instabilidade política dos poderes instalados acabou esfriando o potencial revolucionário do movimento. No ano de 1839, a Cabanagem chegava ao seu fim com um trágico saldo de 30 mil mortos.
Por Rainer Sousa
Mestre em História

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Diabetes Entenda a química do açúcar

Os glicídios, também chamados de açúcares ou carboidratos, são compostos orgânicos constituídos fundamentalmente por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. Os glicídios constituem a principal fonte de energia para os seres vivos, pois a glicose é usada como combustível das células e o cérebro é quase inteiramente dependente dela para realizar suas funções.

Os glicídios estão presentes em diversos alimentos, como frutas, leite, mel etc. Eles também participam da estrutura dos ácidos nucleicos - RNA (Ácido Ribonucleico) e DNA (Ácido Desoxirribonucleico) -, que são capazes de, respectivamente, comandar as atividades celulares e transmitir informações genéticas.

Os dois esquemas a seguir representam a fórmula estrutural dos açúcares glicose e frutose:

Figura 1: Estruturas acíclicas da glicose e frutose.

Esses açúcares são compostos de função mista do tipo poliálcool-aldeído, ou seja, que contêm os grupos funcionais OH e CHO (também chamado de aldose) ou poliálcool-cetona, (grupos OH e C = O, também chamado de cetose). Veja novamente as estruturas, agora identificando os grupos funcionais:

Figura 2: Estruturas acíclicas da glicose e frutose (destacadas as suas funções orgânicas).

Os açúcares, especialmente aqueles com cinco ou seis átomos de carbono, existem normalmente como moléculas cíclicas (fechadas) e não como cadeias abertas. Essa ciclização (formação de uma cadeia fechada) ocorre como resultado da interação entre grupos funcionais em carbonos distantes:

Figura 3: Carbonos que sofrem ciclização na glicose.

Existem ainda alguns açúcares, como a sacarose, que possuem a estrutura de um dissacarídeo, ou seja, composto de glicose e frutose que ocorre por meio da formação de uma ligação glicosídica:



Figura 4: Estrutura da sacarose, açúcar resultante da união entre moléculas de glicose e frutose.

Em meio ácido, a molécula de sacarose se quebra, o que resulta em duas moléculas de glicose e frutose livres no meio. Isso acontece também quando ingerimos esse açúcar: o suco gástrico, produzido no estômago, é capaz de provocar a quebra da ligação glicosídica, que mantinha as moléculas unidas. Assim, esse glicídio de rápida absorção pode produzir altos níveis de glicose no sangue, ocasionando o diabetes.

Insulina
A taxa de glicose considerada normal no sangue situa-se em torno de 90 mg de glicose por 100 ml de sangue, ou seja, 0,9 mg/ml. A variação dessa taxa pode causar dois tipos de diabetes: o diabetes melitus e o diabetes insipidus. No entanto, esse valor é mantido pela ação conjunta dos hormônios insulina e glucagon.

A insulina facilita a absorção de glicose pelos músculos esqueléticos, pelo fígado e pelas células do tecido gorduroso, levando à diminuição na concentração de glicose circulante no sangue. Nas células musculares e do fígado, esse hormônio promove a estocagem de glicose na forma de glicogênio, que passa a ser usado apenas nos momentos em que precisamos de energia. A insulina está relacionada com o distúrbio hormonal conhecido como diabetes melitus, enfermidade em que a pessoa apresenta elevada taxa de glicose no sangue (hiperglicemia).

O glucagon tem efeito inverso ao da insulina, levando ao aumento do nível de glicose no sangue. Esse hormônio estimula a transformação de glicogênio em glicose no fígado. Num diabetes tipo insipidus, a pessoa apresenta níveis praticamente normais de insulina no sangue, mas sofre redução do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares e adiposas. Com isso, diminui a capacidade de absorver glicose no sangue, ocasionando o que chamamos de hipoglicemia.

Podemos dizer, então, que o diabetes é a condição na qual ocorre uma resposta anormal ou inadequada na fabricação de insulina. Quando isso acontece, aumenta-se o risco de doenças cardíacas e outras enfermidades, como o AVC (Acidente Vascular Cerebral), em virtude de bloqueios de vasos sanguíneos. Esse bloqueio também diminui a produção de anticorpos e aumenta drasticamente a chance de o indivíduo contrair infecções, insuficiência renal e até cegueira. As mulheres diabéticas estão também mais propensas a desenvolver câncer mamário e uterino.

Reagente de Benedict
Durante alguns anos, o reagente de Benedict, que contém os íons Cu2+em solução, foi utilizado para identificar portadores de diabetes por meio da presença de açúcares na urina. O teste baseia-se na possibilidade de os grupos aldeídos serem oxidados (perda de elétrons), e essa reação provoca uma mudança de coloração da solução (de amarelo a vermelho tijolo), tornando possível identificar a presença de aldoses.

Quando um aldeído é oxidado, algum agente oxidante precisa ser reduzido (ganhar elétrons), que neste caso são os íons Cu2+. O cobre (Cu2+) ganha 1e- da aldose, podendo, então, ser reduzido ao composto Cu2O (Cu+1). Nessa etapa ocorre a formação do composto lactona. Veja o esquema:


Figura 5: Esquema da reação de redução do cobre pela aldose.

A redução do cobre ocorre somente com as aldoses, contudo, algumas cetoses também podem sofrer oxidação, pois no equilíbrio dinâmico das soluções aquosas contendo os açúcares podem coexistir aldeídos não cíclicos (compostos que reagem com íon cobre) e cetonas hidroxílicas. É esse fenômeno que permite a identificação da frutose (cetose) pelo reagente de Benedict. Essas reações desempenham papéis fundamentais para a identificação de açúcares.

Ainda existem formas mais simples de identificar a presença de glicose, como o uso da enzima oxidase, que é específica da glicose, mas esse teste com reagente de Benedict pode ser utilizado ainda como uma forma didática, em sala de aula, de se identificar a presença de açúcares.

Saiba mais
# Campbell, M. K; Farrell, S. O. Bioquímica. 5ª ed. Editora Thomson.
# Amabis, J. M; Martho, G. R. Biologia. Vol. 1. 2ª ed. Editora Moderna. São Paulo, 2004.
# Amabis, J. M; Martho, G. R. Biologia. Vol. 2. 2ª ed. Editora Moderna. São Paulo, 2004.
# Amabis, J. M; Martho, G. R. Biologia. Vol. 3. 2ª ed. Editora Moderna. São Paulo, 2004.
# Feltre, Ricardo. Química orgânica. Vol. 3. 5ªed. Editora Moderna. São Paulo, 2000.
# Oliveira, de R. O et alli. "Preparo e emprego do reagente de Benedict na análise de açúcares: uma proposta para o ensino de química orgânica". In Química nova. N° 23, 2003.
*Erivanildo Lopes da Silva é professor assistente do curso de Química da Universidade Federal da Bahia - campus ICADS-Barreiras.
*Diana de Meneses é graduanda do curso de Química da Universidade Federal da Bahia.

sábado, 25 de abril de 2020

A morte de Rasputin

Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com        
        

A morte de Rasputin

Rainer Sousa


Tiros e veneno não foram suficientes para ceifar a vida do misterioso Rasputin.
No início do século XX, a Rússia Czarista sofria com uma grave crise econômica que colocava o poder monárquico em crise e determinava o processo revolucionário russo. Como se não bastassem o peso das antigas tradições, o atraso econômico e a miséria causada pelo envolvimento do país em guerras, a credibilidade russa também era alvejada pela enigmática figura do mago Rasputin.

Por volta de 1904, esse pobre camponês que se autodenominava místico galgou prestígio junto à família imperial depois que ajudou na cura de Alexis, herdeiro do trono russo que sofria de uma grave hemofilia. Ao conseguir melhorar o estado de saúde do príncipe, o mago logo se transformou em uma figura política influente. Em diversas ocasiões, o misterioso feiticeiro era consultado na resolução de importantes decisões políticas.

No ano de 1914, a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial agravou seriamente os problemas políticos e econômicos do país. As crises de abastecimento eram constantes e a morte de milhares de soldados alimentava a insatisfação popular. Politicamente desacreditado, o governo russo era alvo de sérias críticas que, usualmente, relacionavam o caos da nação com a influência de um mago de aparência suja e sem qualquer formação intelectual mais significativa.

Em pouco tempo, alguns príncipes russos passaram a se incomodar com a ideia de que um bruxo horrendo tivesse poder para interferir em importantes decisões. Foi então que um grupo de conspiradores se organizou para matar Rasputin. A intenção primordial seria recuperar a imagem do governo czarista e acabar com aquela estranha influência pelos palácios governamentais.

Em 29 de dezembro de 1916, Rasputin fora convidado para passar uma noite do Palácio Iussupov, uma das mais luxuosas e requintas construções de São Petesburgo. Convidado pelo príncipe Félix Iussupov, o mago pretendia conhecer o restante da família e buscar algum tipo de diversão mais tarde. O convite era, na verdade, uma tramoia do nobre e mais outros quatros cúmplices que executariam o assassinato de Rasputin.

Deixando a casa em clima festivo, o príncipe preparou uma bandeja de doces envenenados com cianureto e uma garrafa de vinho também contaminada. Após uma nervosa insistência, o bruxo resolveu consumir dos doces e beber do vinho oferecido. Observando atentamente as reações de Rasputin, o príncipe Iussupov ficou aterrorizado ao ver que as doses de cianureto não fizeram efeito algum no místico.

Atordoado com aquele evento insólito, Iussupov foi até outro andar do palácio onde pediu a arma de um de seus asseclas. Convidando Rasputin a orar mediante um belo crucifixo presente na sala em que se instalaram, o príncipe aproveitou do momento para disparar um tiro contra o peito de Rasputin. Com o barulho do disparo, os comparsas do assassinato saíram em direção ao lugar do crime.

Enquanto se organizavam para transportar o corpo até um rio, Issupov balançou violentamente o corpo para que tivesse certeza que Rasputin havia morrido. Nesse instante, o temido bruxo abriu seus olhos e começou a estrangular o seu assassino de modo frenético. A cena bizarra só veio a ser contida quando o grão-duque Dimitri, militar envolvido naquela trama, disparou um tiro contra o peito e a cabeça de Rasputin.

Com o fim daquela situação medonha, os comparsas enrolaram o corpo de Rasputin em um cobertor e o amarraram em cordas. Usando de um carro para transporte, lançariam o corpo do bruxo do alto de uma ponte que cortava o rio Neva. Ao chegar ao local, encontraram uma brecha na camada de gelo que cobria aquelas águas e se livraram do corpo. Entretanto, esqueceram de amarrar pesos que deixassem o cadáver mais pesado e, assim, o deixasse no fundo do rio.

Dois dias depois, o corpo de Rasputin foi encontrado. Apesar das terríveis mutilações e queimaduras provocadas pelo gelo, as mãos de Rasputin estavam projetadas, como se ele tivesse tentado se soltar das cordas. Na autópsia do corpo, descobriu-se que os pulmões do bruxo estavam cheios de água, o que provava que as balas e o veneno não foram misteriosamente capazes de extinguir sua vida.

A notícia da morte chegou aos ouvidos da czarina como uma terrível sentença. Afinal de contas, o próprio Rasputin havia profetizado que a família imperial morreria se ele fosse morto por membros da elite russa. Temendo um novo escândalo, o czar Nicolau II impôs o fim das investigações e determinou um laudo por morte acidental. Dois anos depois, toda a família real foi morta pela ação dos revolucionários russos. As palavras do temido bruxo se tornaram verdade.

História da escrita Surgimento e importância dessa linguagem

Antes do surgimento da escrita, os gregos antigos encarregavam um mensageiro, que ia, de navio ou a cavalo, levar a notícia desejada. A comunicação só acontecia cara a cara. Passados mais de 3.000 anos desde a Guerra de Troia, como você fica sabendo das notícias de guerra que acontecem no mundo hoje? A velocidade de informação que temos hoje só foi possível graças ao desenvolvimento da escrita.

O uso da escrita deu início a um tipo de comunicação que tornava possível entrar em contato com mensagens produzidas por pessoas que haviam morrido há séculos, ou distantes milhares de quilômetros.

Sabe-se que a escrita surgiu em diferentes lugares, tornando-se um poderoso apoio para a memória humana. Os povos antigos usavam as marcas gráficas inicialmente como uma ferramenta para registro do movimento do comércio, depois como registros de todos os acontecimentos que envolviam a sociedade. Usando materiais diferentes, os textos eram copiados, à mão, um a um. A possibilidade de grafar a informação conferia a durabilidade necessária, para escrever leis, que fixavam costumes e determinavam quem devia obediência a quem.

Ultrapassando barreiras

Com o advento da escrita, foi possível atravessar a barreira do tempo e preservar informações sobre modos de vida de povos que viveram há milhares de anos ou informar sobre outros povos, que vivem em locais muito distantes dos centros de difusão das informações. A durabilidade do sinal grafado e a possibilidade de acesso à informação por um número cada vez maior de pessoas mudaram profundamente a história da humanidade.

No século 15, a invenção da imprensa tornou possível a reprodução de livros e o acesso à leitura para um maior número de pessoas do que até então tinha sido possível. A descoberta da impressão se deu graças à invenção de Gutemberg que, ao conseguir uma impressão nítida, possibilitou a reprodução de um mesmo material em um tempo muito rápido, o que teve como consequência a produção de milhares de livros em pouco tempo. O surgimento da instituição escola e a alfabetização da massa trabalhadora tornaram possível o acesso à comunicação escrita em larga escala.

Características da comunicação escrita

Na comunicação escrita temos um autor que está distante falando para um leitor, na maioria das vezes desconhecido. Para que o leitor compreenda o que se passa, é necessário que o autor dê o máximo de informações que puder referente ao contexto, ao assunto, à finalidade da informação. Veja um exemplo:

1) Dois garotos brigavam furiosamente na rua.
2) Um senhor passa por eles e separa a briga:
– Você não tem vergonha? Bater num menino bem menor que você, seu covarde!
3) E o menino:
– O senhor queria o quê? Que eu ficasse esperando ele crescer?
(Ziraldo, “Mais anedotas do bichinho da maçã”. São Paulo: Melhoramentos, 1993)


As informações relacionadas às frases 1, 2 e 3, explicam ao leitor o contexto, ou seja, o lugar e a situação em que se dá o fato. Se o leitor presenciasse a cena, essas informações seriam necessárias? Não.

A primeira consequência que percebemos do uso da escrita na história é o fato de os indivíduos não precisarem mais estar em comunicação direta para entrar em contato uns com os outros. A segunda é que a escrita instaura um novo modo de comunicação. Na comunicação direta, podemos dizer simplesmente "olá, como vai?", ao encontrarmos um conhecido. Essa frase, sem maiores explicações, tem sentido porque ambos os indivíduos sabem onde estão, quem são um e outro, que tipo de vínculo tem em comum.

Explícito e completo

Na comunicação escrita, ao contrário, a informação - por não ser imediatamente percebida - precisa ser mais explícita, mais completa, para garantir a sua interpretação. Isso é o que acontece quando lemos um romance. O autor precisa apresentar as características do lugar físico e social onde ocorrem os fatos - o ambiente, o espaço - e as características físicas e psíquicas das personagens, para que o leitor possa interpretar os fatos em uma dada direção. Daí o texto escrito ser, em geral, menos econômico que o mesmo texto, dito oralmente, numa interação face a face.

Quando lemos um romance, por exemplo, e se o texto nos emociona, ficamos com a impressão de que o autor fala de coisas relacionadas à nossa vida, fala diretamente conosco. O texto que nos fala tão diretamente, porém, foi antes selecionado, revisado, muitas vezes alterado após a produção inicial, porque - entre o autor e o seu leitor - existem os interesses da empresa editora, a avaliação do editor quanto ao interesse do assunto, o cálculo do investimento a ser feito e o cálculo do retorno financeiro para a editora, com as vendas do livro.
* Suely Amaral é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.

Os verdadeiros gladiadores

Os verdadeiros gladiadores

Rainer Sousa


Os gladiadores romanos: exemplo das diferenças existentes entre a História e a representação.
Habitualmente, os gladiadores são vistos como uma classe de escravos romanos designados para os espetáculos de luta que apinhavam milhares de pessoas nas arenas romanas. O nome desse tipo de lutador tem origem em um dos armamentos utilizados por estes guerreiros, o gládio, tipo de espada com pequena envergadura utilizada durante os combates. Tendo uma vida marcada pelo risco, os gladiadores são representados de maneira heroica nos presentes meios de comunicação.

Por serem guerreiros que se enfrentavam em duelos que poderiam ir até a morte, muitos costumam imaginar o gladiador como uma figura poderosa, ágil e musculosa. No entanto, existe uma considerável distância entre o passado e a forma como tentamos representá-los. Em estudos realizados por um grupo de pesquisadores austríacos, foram encontrados diversos indícios capazes de nos oferecer uma outra, e mais verossímil, caracterização desse guerreiro.

Estudando as ossadas encontradas em um antigo cemitério de gladiadores da cidade de Éfeso, na Turquia, tais estudiosos mostraram que os gladiadores não eram tão exuberantes. Geralmente, estes guerreiros tinham idade entre 20 e 30 anos, estatura média inferior aos 1,70 metros e estavam acima do peso. Além disso, as lutas não eram marcadas por aquele espetáculo de sangue muitas vezes descrito por algumas obras ficcionais.

Investigando a estrutura óssea destes antigos combatentes, os estudiosos não encontraram as graves lesões muitas vezes exploradas em alguns filmes que circulam por aí. Isso indica que a luta era marcada por regras bastante rígidas e que os armamentos utilizados eram bastante específicos. Ainda existem outras questões bastante curiosas sobre a dieta e o preparo físico necessário para que o escravo estivesse apto para os desafios da arena.

A dieta desses combatentes era geralmente rica em cevada, frutas secas, feijão e carboidratos. A ingestão freqüente de massas era a principal responsável pelo ganho das gordurinhas extras detectadas na análise óssea feita pelos estudiosos austríacos. Contudo, o peso extra nem sempre poderia ser visto como um inimigo durante as lutas travadas. A gordura corporal servia como uma espécie de escudo natural contra os golpes de lança deferidos pelo oponente.

Interessante notar que, por meio desses estudos, podemos ter uma interessante dimensão sobre como os homens se influenciam dos valores de seu tempo na tarefa de imaginar o passado. Ao representar um gladiador no cinema ou em uma revista, muitos de seus criadores provavelmente se inspiravam em lutadores profissionais de boxe e outras lutas contemporâneas para falar sobre os combatentes da Roma Antiga que, na verdade, não contavam com todo esse glamour.

O renascimento comercial na Europa

O renascimento comercial na Europa

Tiago Dantas




O renascimento comercial na Europa ocasionou o crescimento das cidades
No fim da Idade Média, com a decadência do sistema feudal, surgiram novos paradigmas de produção e de relações de trabalho. Com a migração da mão-de-obra agrícola para o artesanato e comércio, foram surgindo em maior intensidade na Europa, importantes rotas comerciais.

Os principais centros comerciais da época eram Veneza e Gênova, devido à sua posição estratégica privilegiada, localizada no centro das rotas comerciais. Na região norte foi criado a Liga Hanseática, uma associação comercial de mais de 80 cidades, que comercializava principalmente madeira, peixes, tecidos, cereais, ferro e cobre. A região de Flandres foi outro importante centro comercial, especificamente de lã.

Com o surgimento das rotas comerciais, grandes feiras eram estabelecidas, como a da região de Champagne, Flandres e Frankfurt. Também surgiu o desenvolvimento dos bancos, imprescindíveis no processo comercial. O renascimento comercial na Europa fez com que houvesse a circulação de capital, bem como ocasionou o crescimento das cidades e o êxodo rural.

A Guerra Santa liberou o comércio

No século XI, dentro do contexto histórico da expansão árabe, os muçulmanos conquistaram a cidade sagrada de Jerusalém. Diante dessa situação, o papa Urbano II convocou a Primeira Cruzada (1096), com o objetivo de expulsar os "infiéis" (árabes) da Terra Santa. Essas batalhas, entre católicos e muçulmanos, duraram cerca de dois séculos, deixando milhares de mortos e um grande rastro de destruição. Ao mesmo tempo em que eram guerras marcadas por diferenças religiosas, também possuíam um forte caráter econômico. Muitos cavaleiros cruzados, ao retornarem para a Europa, saqueavam cidades árabes e vendiam produtos nas estradas, nas chamadas feiras e rotas de comércio. De certa forma, as Cruzadas contribuíram para o renascimento urbano e comercial a partir do século XIII. Após as Cruzadas, o Mar Mediterrâneo foi aberto para os contatos comerciais.
O que foram as cruzadas naquele determinado momento? No momento em que o Papa Urbano chama os fiéis para as cruzadas, havia um interesse muito grande em terras. A nobreza já não tinha mais como dividir as terras. A Europa precisava de uma expansão. Ao mesmo tempo a Igreja precisava barrar o avanço do islamismo, pois ele avançava em passos largos sobre a Europa, pois já havia chegado à península Ibérica e tomado todo norte da África. Então, a idéia de você tomar a Terra Santa, onde Jesus nasceu e morreu, e que estava na mão de infiéis, explica o motivo religioso das cruzadas. Você tem um motivo religioso que é forte no momento das cruzadas. Mas existe também uma motivação econômica e uma motivação psicológica.
As cruzadas modificaram a Europa profundamente, trazendo novos elementos que mudaram a vida das populações européias daquela época. A economia modificou-se radicalmente. Deixou de apenas produzir alimentos; conheceu novos produtos, aprendeu novos métodos de trabalho; e enriqueceu com novas indústrias.
Politicamente, as cruzadas selaram a ruína do Sistema Feudal. Antes de partir os senhores penhoraram suas terras aos camponeses. A liberação desses ficou mais fácil. Além disso, houve grande quantidade de gente que foi e não voltou.
Com as cruzadas, muitos camponeses puderam deixar os domínios senhoriais. O campo perdeu população, e as velhas cidades receberam uma boa parte desses camponeses que deixaram os domínios senhoriais.
Engolindo a derrota sofrida, os cristãos tinham todos os motivos para odiar os árabes. Mas esta raiva sentida vinha junto com a admiração e a inveja sentida diante de um inimigo sofisticado, que possuía muitos conhecimentos que para os europeus eram desconhecidos.
As Cruzadas não alcançaram sua meta principal, que era garantir o domínio cristão de Jerusalém. Em compensação, o encontro entre as duas culturas fecundou a Europa. A maravilhosa porta do Oriente foi aberta e os árabes transmitiram uma porção de novidades aos ocidentais.
Imagine a sensação que um cruzado causava quando voltava para sua terra. Além de histórias sobre suas aventuras militares, trazia presentes sensacionais comprados de mercadores árabes. Produtos lindos, que vinham de lugares em que nenhum outro europeu jamais tinha pisado. Tapetes persas, pimentas, açúcar, cravo e canela da índia, porcelana chinesa, seda do Japão, tecidos, perfumes exóticos, pérolas...
Não é difícil concluir que essas cruzadas despertaram o comércio ativo entre europeus e os árabes. O Mar Mediterrâneo voltou a ser atravessado por navios abarrotados de mercadorias. Os lugares que mais cresceram com isso foram às cidades italianas, especialmente Gênova e Veneza. A espada dava lugar ao lucro. Só não se sabe qual arrancou mais sangue.
As cruzadas ajudaram a expandir as atividades comerciais, pelo menos por três motivos: os cruzados não eram os únicos a irem as expedições cruzadistas, os viajantes mercadores iam juntos, e assim serviam como abastecedores dos peregrinos com seus produtos.
Os cruzados voltavam para suas terras de origem com um gosto pelos novos luxos e confortos descobertos durante a viagem. As cidades italianas, principalmente Veneza e Gênova, ficaram imensamente ricas com o comércio desses produtos na Europa.
O grande desenvolvimento do comércio que as cruzadas propiciaram foi um dos fatores das profundas transformações que levaram do Modo de Produção Feudal ao Modo de Produção Capitalista na Europa durante os séculos seguintes; em outras palavras, aquelas grandes expedições de caráter primordialmente ou alegadamente religioso prepararam o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.
Em muitos outros aspectos as cruzadas foram um desastre! Os cruzados não conseguiram expulsar definitivamente os muçulmanos E isso durou por séculos, chegando até os nossos dias.
Texto escrito pela Professora Patrícia Barboza da Silva licenciada pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG.
Referencias Bibliográficas:
FERREIRA, José Roberto Martins, História. São Paulo: FTD; 1997.
MORAES, José Geraldo. Caminho das Civilizações. São Paulo: Atual. 1994.Autoria: Patrícia Barboza da Silva

Campos

Campos

Wagner de Cerqueria e Francisco




Aspectos do bioma campos
Campos é um bioma caracterizado pela presença de vegetação rasteira, herbáceas, gramíneas e pequenos arbustos esparsos com características diversas, conforme a região. No Brasil, esse bioma está presente em áreas descontínuas, sendo encontrado em duas porções do território: no norte da Amazônia (campos de terra firme) e na região Sul, em especial no Rio Grande do Sul (campos limpos).

Sua classificação ocorre da seguinte forma:

Campos limpos – Coberto por plantas herbáceas, predominando as gramíneas.

Campos sujos – Formada por uma área com bastante gramíneas, arbustos e subarbustos esparsos.

Campos de altitude – Compreende a serra da Mantiqueira. São regiões onde a altitude supera os 1.400 metros. Sua vegetação apresenta características em comum com a Tundra.

Campos da hileia – Também chamado de campos da várzea, o campos da hileia fica inundado nos períodos das cheias dos rios. É um tipo de formação rasteira encontrado na Amazônia, como a ilha de Marajó, por exemplo.

Campos meridionais – Composto por uma extensa área com gramíneas, é uma região muito utilizada para a agropecuária.

O bioma na região Sul também é conhecido como pampas gaúchos, apresentando clima subtropical, região plana de vegetação aberta de pequeno porte, com elevadas temperaturas no verão; no inverno, as temperaturas sofrem significavas reduções. As chuvas são bem distribuídas pela região e ocorrem com regularidade. A biodiversidade animal não é muito rica em espécies, os mais comuns são: marreco, arara-azul, capivara, veado, onça-pintada, ema, gato-palheiro, jaguatirica, tamanduá-bandeira, gato-maracajá, garça, lontra e cateto.

A vegetação campestre forma um tapete herbáceo com menos de 1 metro, com pouca variedade de espécies. Existem espécies endêmicas, sendo, portanto, exclusivas dos campos. Destacam-se a cabreúva, canafístula, açoita-cavalo, cedro, tarumã, erva-mate e jabuticabeira.

Esse bioma, por apresentar características propicias para a agropecuária (solos férteis, terrenos planos, bons índices pluviométricos, etc.), está sendo destruído pelo desenvolvimento de atividades humanas e o intenso uso de máquinas agrícolas pesadas. A pecuária extensiva e o plantio de soja, milho, trigo e arroz são os principais responsáveis pela redução da fertilidade do solo, desmatamentos, erosão e desertificação no bioma campos.

Descobrimento do Brasil

O início da história do descobrimento do Brasil se dá em 9 de março de 1500, quando uma grande esquadra portuguesa, composta de 13 embarcações, reunindo aproximadamente 1.200 homens (na sua maioria soldados), deixou o Tejo sob o comando de Pedro Álvares Cabral. O seu destino era o Oriente e suas finalidades eram fundação de feitorias e o estabelecimento das conquistas nas Índias, em outras palavras, a formação do Império Português no Oriente. Essa esquadra, que, segundo alguns estudiosos, tinha também o objetivo de reconhecer e tomar posse de terras no Atlântico Sul, que pertenciam a Portugal, acabou por “descobrir” o Brasil em abril do mesmo ano.

Documentos históricos do descobrimento

Vários documentos históricos tratam do Descobrimento do Brasil, destacando-se, entre eles:
• A Carta de Pero Vaz de Caminha, dando notícia do descobrimento do Brasil e que foi levada para Portugal por Gaspar de Lemos. Desaparecida até o início do século XIX, foi reencontrada na Torre do Tombo (Lisboa) e publicada pela primeira vem em 1817, na Coreografia Brasílica do padre Aires do Casal.
Relatório do Mestre João, um documento não-oficial escrito por um físico (médico na época) e cosmógrafo.
Relatório do Piloto Anônimo, também não-oficial, que teria sido redigido por um dos pilotos da esquadra cabralina, nunca identificado.
A Carta de D. Manuel I aos reis da Espanha, escrita em 1501, comunicando a chegada de Cabral "a uma terra que novamente descobriu".

As controvérsias sobre o descobrimento

Durante muito tempo acreditou-se que o Descobrimento do Brasil tivesse sido no dia 3 de maio de 1500. Porém, o reaparecimento da Carta de Caminha, que registra o dia 22 de abril como data oficial, acabou desfazendo a dúvida; Para muitos, a baía de Porto Seguro (sul da Bahia) teria sido o local onde aportou a esquadra de Cabral e onde o frei Henrique Soares de Coimbra teria rezado a primeira missa. A descrição geográfica de documentos não deixam dúvidas de que o verdadeiro porto seguro, citado por Caminha, seria a baía Cabrália, também no sul do litoral baiano.

O Descobrimento do Brasil: casualidade ou intencionalidade?

De acordo com a tese da casualidade, Cabral procurando fugir das calmarias, afastou-se em demasia da costa africana e ao descrever uma rota em arco, muito aberta, teria atingido o Brasil. Outro argumento da casualidade é que uma tempestade teria desviado a esquadra cabralina: empurrada pelos ventos para uma corrente marítima aquela acabou por encontrar o litoral brasileiro.
Aqueles que defendem a intencionalidade refutam esses argumentos baseados nos próprios documentos históricos. Em nenhum deles, em especial na carta de Caminha, se encontram referências a fenômenos meteorológicos ou geográficos, como tempestade, ventos ou corrente marítima, capaz de desviar o curso de navegação; ocorrências que, no mínimo, mereceriam registro do escrivão da frota. Da mesma forma, o afastamento da costa africana, para fugir das calmarias, estava previsto e fazia parte das instruções de Vasco da Gama, recomendando a "navegação em arco". Portanto, os navegadores portugueses - hábeis e com larga experiência em viagens ultramarinas - não poderiam ter cometido um erro grosseiro de navegação.
A Carta de Pero Vaz de Caminha, que pode ser considerada o "registro de nascimento" do Brasil, descreve todas as ocorrências envolvendo a esquadra, bem como o cotidiano da tripulação. como se a escala no Brasil estivesse prevista, não se alterando, em nenhum momento, os planos Iniciais da viagem.
Ainda como argumento da intencionalidade sobre o Descobrimento do Brasil, na carta que escreveu aos reis da Espanha, D. Manuel I demonstra um certo conhecimento sobre as terras que ele comunica terem sido "descobertas" no Atlântico. Por fim, a reação de D. João II, rei de Portugal na época dos tratados de partilha, ao contestar a demarcação da Bula Inter Coetera de 1493, aceitando, posteriormente, a demarcação de Tordesilhas de 1494, é uma prova cabal do conhecimento que os portugueses tinham de terras na parte ocidental do Atlântico.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

A arte de contar histórias


O encantamento dos contos de fada.
As histórias infantis têm papel fundamental na formação do indivíduo, tornando-o criativo, crítico e capaz de tomar decisões.
Quando se conta uma história, deve-se ter em mente que aquele momento será de grande valia para a criança, pois através desses contos será formado um banco de dados de imagens que será utilizado nas situações interativas vividas por ela.
Recomenda-se que o educador faça todo um ritual antes do momento de contar histórias.
O ideal é que o professor, ao contar uma história, tenha uma diversidade de estratégias sendo consideradas como principais: tocar a imaginação dos alunos, saber como utilizar a expressão corporal, o ritmo, o gesto, e principalmente a entonação da voz, fazendo com que nesse momento a criança fique envolvida pelo encantamento e pela fantasia.
Sugere-se ao professor que crie em sua sala de aula o livre acesso aos livros através de um cantinho de leitura no qual fiquem disponíveis aos alunos livros, revistas, jornais etc., facilitando o manuseio.
Orienta-se que o professor se informe mais sobre os aspectos que estão envolvidos na apropriação no processo da leitura e seus aspectos fundamentais na visão lingüística, psicológica, social e fisiológica. Ressalta-se que quando se tem domínio de certo papel a desempenhar o resultado é totalmente diferenciado e qualificado.

Ciclo da Borracha e a Amazônia Atual

Assunto: Recriando historicamente o período da borracha até o 3º ciclo
Introdução
Esse trabalho visa expor a história da Amazônia a partir do 1º ciclo, que é o da borracha, até o atual 3ºciclo econômico, que vem como o desenvolvimento sustentável e a Zona Franca de Manaus.
Serão abordados todos os sub-temas de forma implícita na redação e também de forma clara e objetiva.
A história a seguir estará sendo descrita com palavras próprias do autor sem que haja plágio de nenhuma obra didática, mostrando assim uma outra visão do que foi e do que ainda é a economia da Amazônia brasileira.
Recriando historicamente o período da borracha até o 3º ciclo
O apogeu da borracha deu-se, em torno de 1870, no Brasil República, serviu de vestuário até pneus de automóveis estrangeiros com o seu aperfeiçoamento em técnica de vulcanização. Mas caiu com a plantação da seringueira em outra localidade com um melhor plano de manejo, e por causa de uma guerra se reergueu durante esse período e finalmente depois, voltou a sua insignificância.
A estrutura econômica interna da borracha funcionava da seguinte maneira:
As casas de fornecimento de mercadorias a crédito forneciam mantimentos a certas pessoas que poderiam ser: um aviador menor, o regatão, ao seringalista e ao seringueiro. As casas aviadoras também eram responsáveis pelo transporte e distribuição dos migrantes nordestinos que vinham para trabalhar nos seringais. Financiavam várias expedições exploratórias em busca de mais seringueiras. Na verdade, essas casas eram nada mais que representantes de grandes empresas estrangeiras que compravam a nossa borracha principalmente nas bolsas de Nova Iorque e Liverpool, evidenciando assim a forte presença do capital estrangeiro na nossa economia.
Quando descobriram o método da vulcanização, a borracha começou a ser utilizada para fins industriais e como as grandes empresas como a “Goodyear” ou “Pirelli” tinham clientes que almejavam muito mais a qualidade e a durabilidade que qualquer outra coisa em um pneu, a demanda externa pelo produto da Hevea brasiliensis aumentou, a economia daquela época elevou-se extraordinariamente.
Para ligar a Bolívia ao oceano, para esta ter acesso ao rio Madeira e por pressões de alguns políticos do Amazonas foi assinado o Tratado de Petrópolis que anexou o Acre ao Brasil. Para escoar a produção da borracha da Bolívia e do estado do Mato Grosso foi projetada a estrada de ferro Madeira-Mamoré, esta que originalmente teria 600 km e que teria uma empresa inglesa como sua construtora.
Em 13 anos de obras, várias empresas assumiram a construção da ferrovia, mas apenas 364 km ficaram prontos, e ainda assim foi durante a decadência do ciclo da borracha, ligando o nada a coisa nenhuma e matando mais de 20.000 pessoas ficando essa parte da história para sempre imortalizada na obra “Mad Maria” de Márcio Sousa.
O Acre se tornou o maior produtor mundial de borracha, mas não viveu o auge pois em pouquíssimos anos a produção asiática passou a produção brasileira por estarem mais bem organizados.
A única coisa que o lucro da borracha deixou para a Amazônia foi a primeira universidade do Brasil cujo objetivo era o de melhorar o intelecto das pessoas que aqui viviam.
Os ingleses queriam mais era que Manaus se tornasse a “Paris dos trópicos”, pois assim os barões não investiriam em avanços tecnológicos, só iriam querer saber de realizar grandes edificações como o Teatro Amazonas e ostentar o dinheiro ganhado com coisas e costumes inapropriados para a região.
Na década de 20 houve as políticas de recuperação econômica da Amazônia. Henry Ford cria a Cia. Ford Industrial do Brasil, estabelecendo a criação racional de seringais na Amazônia. O governador brasileiro entrega Glevas na região do rio Tapajós pois acreditavam que as melhores sementes vinham de lá.
No alto Tapajós o primeiro projeto foi criado, a “Fordlândia” que tinha por objetivo plantar 8 milhões de seringueiras e fazer uma comunidade agrícola. Após o mal das folhas ocorrido nesses seringais, ergueu-se um novo projeto chamado de “Belterra” onde foram plantadas apenas 2 milhões de mudas no baixo Tapajós próximo à cidade de Santarém.
Com a segunda guerra mundial a Cia Ford Industrial do Brasil ordenou que explorassem o que fosse possível do seringal onde metade das árvores se perdeu por serem jovens demais. Deu 10 anos de lucro, mas durante a guerra fracassou.
Ainda durante a década de 20 foi alavancado o projeto Vila Amazônia na região Bragantina no Pará próximo à cidade de Parintins onde japoneses de formação superior cultivavam a Juta e a Malva. A pimenta-do-reino decaiu por causa dos conservados. Durante a segunda guerra mundial os japoneses foram expulsos da vila Amazônia pelo motivo de uma suposta espionagem.
O segundo ciclo da borracha deu-se durante a segunda grande guerra enquanto a rota malasiana estava fechada pelo Japão.
Os Estados Unidos da América investiu 300 milhões de dólares na Amazônia e criou o B.C.B. (Banco de Crédito da Borracha) para administrar esse dinheiro e para influenciar politicagens futuras.
O acordo de Washington, fruto dessa politicagem, serviu para o Brasil vender mais barato para os E.U.A. : aço, ferro e borracha. Com isso houve a criação dos “soldados da borracha” para uma produção em grande escala com a finalidade de sustentar os soldados na Itália.
Com a reabertura da rota malasiana, os Estados Unidos suspenderam os investimentos na Amazônia e para completar a desgraça, ainda inventaram a borracha sintética.
Na década de 50 houve um outro incentivo à produção de borracha, pelo governo brasileiro, para abastecer o mercado interno e a criação de um pólo calçadista, afinal os europeus pagavam caro por um luxo a mais.
A Zona Franca de Manaus, que fazia parte de uma política nacional de integração da Amazônia ao Brasil, iniciou-se como uma área de livre comércio que pela ausência de política se tornou uma área de contrabando.
Com a criação da SUFRAMA, a ZFM teria 30 anos de incentivos fiscais e territórios doados pelo governo federal. A Zona Franca de Manaus teve duas fases: a implantação do parque industrial, mão-de-obra barata e a fase comercial, reserva de mercado.
Fernando Collor de Melo decretou o fim da nossa reserva de mercado, acarretando assim uma grande perda de emprego, mas estamos ainda nos reerguendo.
O terceiro ciclo tem como um plano central o programa Agro-alimentar de onde saem vários subprogramas voltados para promover a interiorização da economia de base primária no Amazonas.
Esse novo ciclo tinha como objetivos principais:
1. Interiorizar o desenvolvimento;
2. Conter e/ou reverter o fluxo migratório;
3. Proporcionar o desenvolvimento-sustentável;
4. Aumentar a qualidade de vida e elevar a casta educacional.
O terceiro ciclo pode ser considerado com uma nova etapa da economia voltada para o interior em busca de um autodesenvolvimento a partir de diferentes vias econômicas como a pesca e derivados de peixe.
Cogita-se hoje que o próximo produto que terá um ciclo importante para a região será o petróleo e o gás-natural.
O Programa de Desenvolvimento-sustentável Gasoduto Coari-Manaus, viabiliza a todas as comunidades distantes 5 km de onde irá passar o gasoduto tenham um aprendizado de como sobreviver de produtos originários da localidade referente para que não passem a depender exclusivamente do Gás natural.
Conclusão
A visão geral a que chegamos só pode ser a de que por mais que haja qualquer investimento em produtos da selva amazônica, jamais conseguiremos ser independente de políticas externas e nunca deixaremos de ser apadrinhados pelo governo federal.
Mesmo com dois adventos da borracha, nunca nos preocupamos em determinarmos outras vias para a economia para sermos independentes de um só produto.
Agora, com a ZFM está acontecendo o mesmo, apesar de projetos como o terceiro ciclo, continuaremos a mercê da paciência do governo federal.
Vejo, que a única saída é investirmos em educação, não só na capital, mas também no interior, pois só com o nível da educação elevado é que podemos tornar possível algum sonho para um futuro auto-sustentável.
Bibliografia
1. Uma síntese da história do Amazonas, Lenílson Melo Coelhho;
2. Estudos da história do Amazonas, Pontes Filho.
Autoria: Diogo Gomes dos Santos

terça-feira, 21 de abril de 2020

Renascimento Cultural

Renascimento Cultural

Rainer Sousa




A arte renascentista primou pela riqueza de detalhes e a reprodução dos traços humanos.
O renascimento cultural foi fruto de uma série de mudanças que marcaram a passagem do mundo medieval para o moderno. A obra de diferentes escritores, artistas e escritores levantavam uma nova concepção sobre o homem e o mundo. Mesmo trazendo um novo conjunto de valores, não podemos dizer que o renascimento foi um movimento capaz de realizar uma ruptura radical contra os valores da Idade Média.

Mesmo afirmando que a Idade Média foi um período de trevas, os pensadores e artistas do renascimento conservaram muito do pensamento religioso cristão. A maioria dos renascentistas eram servos fiéis da Igreja e inseriam a temática religiosa em suas concepções. O grande ponto defendido por esses pensadores envolvia a emancipação do interesse e do pensamento humano em relação ao monopólio intelectual controlado pela Igreja.

O primeiro local de ascensão do pensamento iluminista foi a Península Itálica. Nessa região as intensas atividades comerciais geravam uma intensa economia produtora de grandes excedentes. A burguesia, classe dirigente das atividades comerciais, financiava diversas atividades culturais que em certo ponto refletiam valores muito próximos àquele grupo de homens que se lançavam no mundo em busca de seus interesses particulares.

Nesse sentido, o humanismo e o individualismo eram duas peças-chave do pensamento renascentista. Colocando em menor grau de importância a tutela do pensamento religioso, os renascentistas vislumbravam uma visão de mundo profundamente marcada pelas realizações, experimentos e ambições da figura humana. Nesse sentido, procuravam as respostas para cada um dos seus questionamentos por meio da experiência e do interesse.

O conhecimento do mundo poderia ser formulado por dois importantes instrumentos: a razão e o experimento. A explicação para os fenômenos de ordem social e natural poderia ser elaborada por meio de conclusões fundadas pela capacidade de raciocínio dada ao homem. Além disso, a noção de verdade poderia também se basear na realização de situações práticas. Caso algum tipo de fenômeno natural viesse a ser investigado, esse deveria passar por um criterioso conjunto de experiências.

Nesse sentido, a valorização das ações humanas trouxe mudanças significativas nas universidades do período. A história, a poesia e a filosofia foram incorporadas nas cátedras das universidades. O apreço pelas obras dos pensadores greco-romanos trouxe uma grande valorização do estudo do latim. No entanto, muitos desses pensadores também procuravam popularizar o conjunto de suas idéias escrevendo em línguas vulgares.

Entre os principais representantes do renascimento italiano podemos destacar a obra de Nicolau Maquiavel, autor de O Príncipe. Em seu texto, o autor discute e reflete as características e ações fundamentais para que um rei controlasse o Estado. Na Holanda, Erasmo de Roterdã criou a obra “Elogio da Loucura”, onde fazia uma crítica sistemática aos costumes do clero. Thomas Morus, importante ensaísta britânico, descreveu a formulação de uma nova sociedade na obra Utopia.

Na Península Ibérica, Miguel de Cervantes e Luís de Camões representaram o movimento renascentista nas obras Dom Quixote e Os Lusíadas. Ao longo de muitos anos os valores do Renascimento se disseminaram por toda a Europa Ocidental. A Itália, que teve papel pioneiro e contabilizou a maioria dos representantes renascentistas, teve seu movimento dividido em Trecento, Quattrocento, Cinquecento.

No Trecentto, equivalente ao século XIV, o renascimento italiano contou com a literatura de Giovanni Boccaccio, Francesco Petrarca e Dante Alighieri. Nas artes plásticas, a obra de Giotto obteve grande sucesso com a reprodução de relatos da vida de Jesus Cristo e São Francisco de Assis.

O século seguinte, período do quatrocento, viveu um período de grande efervescência cultual graças ao patrocínio da família Médici, reconhecida por suas atividades comerciais e financeiras. Entre outros artistas podemos destacar o escultor Donatello, o arquiteto Filippo Brunelleschi e os pintores Masacio, Fra Angélico, Sandro Boticelli, Paolo Uccello e Andréa Mantegna.

No último período do renascimento italiano, o Cinquecento, teve grande destaque a Basílica de São Pedro construída pelo arquiteto Donato Bramante. No campo da pintura, Michelangelo Buonarrotti e Rafael Sanzio tiveram grande expressão. Aqui damos singular destaque ao legado de Leonardo Da Vinci, que atuou nas mais variadas áreas do conhecimento, indo da pintura à engenharia.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Primeiros templos do Brasil

Primeiros templos do Brasil

Rainer Sousa


Diversas manifestações religiosas surgiram no Brasil ao longo de sua história.
A colonização do Brasil foi um evento responsável pelo desenvolvimento de novas experiências religiosas no local. Sendo Portugal o mais ativo agente dessa transformação, teve a nítida preocupação de ampliar os domínios da fé cristã nas terras do Atlântico Sul. A entrada dos jesuítas na conversão religiosa dos nativos foi também seguida pela construção de várias igrejas que hoje reportam diferentes momentos do nosso passado.

Segundo as instituições que cuidam de nosso patrimônio histórico, a primeira Igreja Católica do Brasil foi inicialmente construída em 1503, em Porto Seguro. Hoje em dia, restaram apenas alguns vestígios e ruínas dessa que seria o primeiro templo religioso brasileiro. A Igreja da Misericórdia, também de Porto Seguro, é a mais antiga que continua em funcionamento. Erguida em 1526, o prédio hoje serve como um importante museu de arte sacra.

Apesar de sabermos do predomínio que o cristianismo teve no Brasil colonial, não podemos deixar de enfocar a ação de outras denominações religiosas que também ganharam espaço por aqui. Em Pernambuco, o domínio holandês empreendeu outra ótica colonizadora que se distanciava bastante do modo com que os portugueses lidavam com a questão religiosa. Sendo em sua maioria protestantes, os holandeses permitiram que qualquer manifestação religiosa fosse praticada em seus territórios.

O emprego dessa política resultou na construção da primeira sinagoga de todo o continente americano. Na época, vários judeus fugiram da perseguição religiosa ibérica optando buscar uma nova morada em terras holandesas. Em muitos casos, esses judeus acabaram participando do desenvolvimento mercantil flamengo e, por conseguinte, aportaram em terras brasileiras. Fundada em 1641, a sinagoga Kahal Zur Israel hoje abriga um arquivo histórico-documental da presença judaica em Pernambuco.

Em contrapartida, o islamismo demorou a ganhar espaço em terras brasileiras. Trazido inicialmente por escravos provenientes de nações islâmicas do Norte da África, a crença do profeta Maomé foi duramente vetada pelas autoridades lusitanas. Somente na década de 1920, um grupo de imigrantes sírio-libaneses dera início à construção da primeira mesquita do Brasil, na região central da cidade de São Paulo. Atualmente, esse templo muçulmano congrega cerca de cinco mil fiéis todos os dias.

Com relação aos rituais de ascendência africana, devemos salientar que a religiosidade dos descendentes de escravos esteve amealhada a diversas outras manifestações cristãs. Por conta da perseguição ou até mesmo do contato com outras culturas, diversas manifestações como a macumba, o candomblé e a umbanda se desenvolveram. Segundo consta, o primeiro terreiro a abrigar esse tipo de manifestação foi o “Casa Branca”, fundado em 1780, na cidade de Salvador, Bahia.

Sem dúvida, percebemos que o Brasil foi lugar de manifestações religiosas diversas que hoje são amparadas pela Constituição de nosso país. Além de invocar a nossa diversidade, a presente liberdade religiosa atua em favor de uma cultura avessa ao ódio entre pessoas seguidoras de denominações distintas.

Inconfidência Mineira

Inconfidência Mineira

Rainer Sousa


O marquês de Pombal foi responsável pela promoção do despotismo esclarecido em Portugal.
Ao longo do século XVIII, observamos que o governo português empreendeu um visível aumento nos mecanismos de cobrança e fiscalização sobre a população colonial. Nessa época, a busca por lucros, provenientes da atividade aurífera, impuseram a criação de novos impostos, o envio de tropas militares e o surgimento de novas instituições. Mesmo com o esgotamento natural das minas, o poder metropolitano não abria mão dos lucros retirados da tributação destinada à referida atividade.

Com o passar do tempo, muitos mineradores não tinham condições para cumprir com os compromissos tributários exigidos, realizando assim o acúmulo de dívidas. Tal situação, considerada incômoda, somava-se ainda ao alto preço estipulado para a compra de produtos manufaturados, como, calçados, tecidos e ferramentas oriundas das embarcações portuguesas. Desse modo, os colonos questionavam o compromisso metropolitano em desenvolver a região das Minas nos fins do século XVIII.

Não bastando toda essa situação, o governo de Portugal resolveu empreender a cobrança de impostos se utilizando da derrama. Nessa modalidade de cobrança, a metrópole enviaria tropas que realizariam o confisco de bens e propriedades que compensariam o acúmulo dos impostos atrasados em uma cidade ou região. Foi a partir daí que um grupo de moradores de Vila Rica passou a se reunir secretamente com o intuito de discutir a formação de um governo autônomo para Portugal.

Integrantes, em sua maioria, da elite econômica e intelectual do lugar, os inconfidentes debatiam a formação de um governo republicano inspirado nos ideais do Iluminismo. Entre outras coisas, reivindicavam a separação da capitania de Minas Gerais, ora sob o domínio português, desenvolvimento de atividades industriais, elaboração de uma nova constituição e fundação de universidades. No que tangia à escravidão, o movimento não assumiu uma posição clara sobre a possibilidade de abolição.

No final de 1788, os inconfidentes esperavam a cobrança da derrama para executarem um plano de sublevação, capaz de mobilizar outros setores da população. Contudo, a execução da derrama foi adiada, o que acabou desarticulando os revoltosos. No início de 1789, as autoridades realizaram a convocação de alguns dos inconfidentes para que efetuassem o pagamento de suas dívidas. Foi então que o fazendeiro Joaquim Silvério dos Reis ofereceu o nome dos inconfidentes em troca do perdão de suas dívidas.

A partir daquele momento, as autoridades militares e judiciais foram acionadas para organizar os inquéritos que determinariam os culpados pela organização desse levante contra a Coroa. Em 1791, o julgamento dos envolvidos apontou que onze dos envolvidos seriam condenados à morte. Entretanto, somente o alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, acabou sendo levado à forca, esquartejado e tendo seus restos mortais expostos pela região de Vila Rica.

A moeda no Brasil Colônia

A moeda no Brasil Colônia

Rainer Sousa


No período colonial, mercadorias e moedas estrangeiras foram comumente empregadas em nossa economia.
No período colonial, o território brasileiro sofreu uma série de intervenções que visava atender os interesses particulares da metrópole portuguesa. Seguindo a cartilha mercantilista, a nação ibérica implantou negócios que passariam muito tempo organizando todo nosso fluxo econômico. Contudo, em meio esse processo de integração com a economia mercantil, pouco se fala sobre as características da economia interna.

Entre outras tantas perguntas que aparecem, temos certa curiosidade em descobrir como os colonizadores realizavam comércio sem a existência de uma moeda brasileira. Nas primeiras décadas do século XVI, a presença de moedas em nossa economia era possível somente pelas mãos dos portugueses. Estes, não se importando muito em desenvolver uma economia autônoma por aqui, acabavam forçando os colonos a movimentarem seus bens na base da troca.

Em vários relatos, os moradores da colônia fazem referência ao uso do açúcar como meio de pagamento. A falta de metais preciosos nos cofres lusitanos tornava essa situação ainda mais complicada. Contudo, no período em que o governo espanhol administrou as terras brasileiras, a disponibilidade de moedas para o comércio se tornou maior. Dessa forma, o chamado real hispano-americano circulou algum tempo em nossa economia.

No período em que estiveram dominando boa parte do litoral nordestino, os holandeses tiveram a preocupação de dinamizar a economia interna criando a primeira Casa da Moeda do Brasil, construída em 1645. Nesse tempo, fabricaram-se os florins e soldos, as primeiras moedas a serem fabricadas em terras tupiniquins. Quando reassumiu a colonização, o reino português decidiu reaproveitar as moedas existentes imprimindo o brasão da Coroa Lusitana por cima.

A primeira Casa da Moeda de origem lusitana surgiu em 1694, na cidade de Salvador. Os chamados réis (popularmente apelidados de patacas) foram a principal moeda nacional e circularam em nossa economia durante quase cento e quarenta anos. Essa primeira moeda era feita de prata e se dividia em exemplares de 20, 40, 80, 160 e 320 réis. Somente em 1834, doze anos após a independência, os cruzados foram fabricados a fim de definir uma moeda legitimamente nacional.

A moeda no Brasil Colônia

Professor de Matemática no Colégio Estadual Dinah Gonçalves
E Biologia na rede privada de Salvador-Bahia
Professor Antonio Carlos carneiro Barroso
email accbarroso@hotmail.com
Extraído de http://www.alunosonline.com.br

A moeda no Brasil Colônia

Rainer Sousa




No período colonial, mercadorias e moedas estrangeiras foram comumente empregadas em nossa economia.
No período colonial, o território brasileiro sofreu uma série de intervenções que visava atender os interesses particulares da metrópole portuguesa. Seguindo a cartilha mercantilista, a nação ibérica implantou negócios que passariam muito tempo organizando todo nosso fluxo econômico. Contudo, em meio esse processo de integração com a economia mercantil, pouco se fala sobre as características da economia interna.

Entre outras tantas perguntas que aparecem, temos certa curiosidade em descobrir como os colonizadores realizavam comércio sem a existência de uma moeda brasileira. Nas primeiras décadas do século XVI, a presença de moedas em nossa economia era possível somente pelas mãos dos portugueses. Estes, não se importando muito em desenvolver uma economia autônoma por aqui, acabavam forçando os colonos a movimentarem seus bens na base da troca.

Em vários relatos, os moradores da colônia fazem referência ao uso do açúcar como meio de pagamento. A falta de metais preciosos nos cofres lusitanos tornava essa situação ainda mais complicada. Contudo, no período em que o governo espanhol administrou as terras brasileiras, a disponibilidade de moedas para o comércio se tornou maior. Dessa forma, o chamado real hispano-americano circulou algum tempo em nossa economia.

No período em que estiveram dominando boa parte do litoral nordestino, os holandeses tiveram a preocupação de dinamizar a economia interna criando a primeira Casa da Moeda do Brasil, construída em 1645. Nesse tempo, fabricaram-se os florins e soldos, as primeiras moedas a serem fabricadas em terras tupiniquins. Quando reassumiu a colonização, o reino português decidiu reaproveitar as moedas existentes imprimindo o brasão da Coroa Lusitana por cima.

A primeira Casa da Moeda de origem lusitana surgiu em 1694, na cidade de Salvador. Os chamados réis (popularmente apelidados de patacas) foram a principal moeda nacional e circularam em nossa economia durante quase cento e quarenta anos. Essa primeira moeda era feita de prata e se dividia em exemplares de 20, 40, 80, 160 e 320 réis. Somente em 1834, doze anos após a independência, os cruzados foram fabricados a fim de definir uma moeda legitimamente nacional.