terça-feira, 10 de março de 2020

Guerra da Cisplatina


”O juramento dos Trinta e Três Orientais”: obra representando a separação da Cisplatina.
Durante o governo de Dom João VI, a região da Banda Oriental foi alvo de um processo de dominação que estendeu as fronteiras do Brasil ao sul. Tal medida visava fazer oposição ao domínio napoleônico na Europa que, naquele período, havia conquistado o reino espanhol e quase dominou o trono português. Controlando essa área, Portugal visava prevenir-se de uma possível invasão francesa em terras sul-americanas.

O interesse político envolvido naquele processo, que culminou na criação da Província da Cisplatina, não considerava questões históricas relacionadas à colonização daquele lugar. Entre os séculos XVI e XVIII a região cisplatina foi culturalmente influenciada pelos costumes e hábitos trazidos pela colonização hispânica. A população nativa do lugar acabou vendo a manobra militar de Dom João VI, ocorrida em 1820, como uma afronta aos povos daquela região onde nem mesmo o português era falado.

No ano de 1825, no início do Primeiro Reinado, um grupo de revoltosos se dispôs a dar fim à dominação brasileira. Reunidos na cidade de La Florida, várias lideranças locais decretaram um termo de separação dos reinos do Brasil e de Portugal, que foi homologado pelo Congresso de Deputados. Além disso, os separatistas declararam sua integração à Confederação das Províncias Unidas da Prata, que também apoiou o movimento separatista. Dom Pedro I, inconformado com o levante, resolveu empreender uma guerra na região cisplatina.

As tropas imperiais primeiramente dirigiram-se ao Rio da Prata e realizaram o bloqueio dos portos de Buenos Aires e Montevidéu. As frotas platinas logo se moveram para o sul, onde mais uma vez foram perseguidas pelas tropas brasileiras. Dessa vez, a população local conseguiu abafar a investida marítima das forças brasileiras. Em terra, exércitos comandados pelo general argentino Carlos Maria de Avelar invadiu os territórios brasileiros. Ao longo de quatro anos pequenas batalhas foram deflagradas, sendo a Batalha de Ituzaingó a maior delas.

A falta de um exército sistematizado e o gasto na contenção de outras revoltas no Brasil, forçou Dom Pero I a reconhecer a independência da região Cisplatina. Com o fim da guerra, o governo brasileiro assinou o acordo estabelecido pelo Tratado de Montevidéu. Conduzido por autoridades britânicas e francesas, o tratado oficializou a criação do Estado Oriental do Uruguai.

A derrota no conflito gerou intensa insatisfação por parte da população brasileira. O autoritarismo imperial e a crise econômica agravada com os gastos neste conflito, só aumentaram o clima de desconfiança mediante o governo de Dom Pedro I. Mesmo não sendo a causa fundamental da abdicação do imperador, ocorrida em 1831, o envolvimento e a derrota na Guerra da Cisplatina eram provas cabais do desmando e incompetência do governo de Dom Pedro.
Por Rainer Sousa
Mestre em História

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