quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Enamorados do Neolítico

Enamorados do Neolítico

Rainer Sousa


Um casal de esqueletos levanta suspeitas sobre o amor na Idade da Pedra.
É comum, ao estudarmos a Pré-História, nos depararmos com as várias transformações vividas pelo homem na passagem do Paleolítico para o Neolítico. O domínio das técnicas de plantio e a vida sedentária são dois grandes eventos que determinaram uma grande reviravolta. Contudo, engana-se quem acha que esses tempos se resumem a um gélido processo de dominação da natureza.

Recentemente, um grupo de cientistas italianos encontrou dois esqueletos com mais de cinco mil anos, na cidade de Mantova, norte da Itália. Pela primeira vez, os arqueologistas tiveram a oportunidade de encontrar um enterro duplo com tão longa data. Contudo, o que mais impressiona é que os esqueletos se encontram abraçados, sugerindo a última morada de um casal em união. Além disso, as pesquisas preliminares sugerem que eles tenham morrido jovens.

A imagem de um casal de jovens enterrados juntos logo fez com que a imprensa chamasse a ossada de “Casal do Neolítico” ou “Romeu e Julieta da Pré-História”. Infelizmente, contrariando a especulação dos mais românticos, os cientistas disseram ser muito difícil revelar as circunstâncias da morte ou maiores detalhes do ritual funerário. Recentemente, os responsáveis pelo estudo dos esqueletos disseram que, em algumas regiões, era comum a mulher ser sacrificada após a morte do marido.

Mesmo sem uma definição sobre o caso, a ossada demonstra uma interessante prática funerária para esse período. O preparo da posição dos corpos sugere que as populações neolíticas já organizavam regras e costumes para depositarem os seus mortos. Apesar de não ser uma “prova do amor na Idade da Pedra”, a organização mantenedora do achado arqueológico garante que eles serão mantidos em sua posição original.

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