Os conflitos da Revolução Praieira se espalharam pelas ruas de Recife.
Sem maiores dificuldades, as tropas imperiais foram acionadas para conter essas primeiras revoltas contra a autoridade de Dom Pedro II. Em contrapartida, o processo de pacificação conseguido na região Sudeste não deteve outras manifestações de caráter mais exaltado. Na província de Pernambuco um grupo anti-imperial realizava intensos ataques contra a estrutura de poder vigente por meio do jornal recifense “Diário Novo”.
O órgão de imprensa instalado na Rua da Praia acabou deixando esse grupo liberal conhecido de “praieiros”. Sob o aspecto ideológico esse grupo esteve fortemente influenciado pela literatura socialista utópica de pensadores como Robert Owen, Fourier e Proudhon. Mesmo fazendo esse tipo de leitura, não podemos classificá-los enquanto socialistas devido à existência privilégios vinculados a origem sócio-econômica seus participantes.
Entre as bandeiras de luta do movimento praieiro, destacamos a defesa do voto livre universal, a liberdade dos meios de comunicação e a dissolução do Poder Moderador. No que tange os problemas da província pernambucana, os liberais exigiam a quebra do monopólio político das oligarquias agrárias e a nacionalização do comércio, na época, fortemente controlado pelos portugueses. Em pouco tempo, senhores de engenho de pequeno porte, artesãos, profissionais liberais e setores da classe subalterna aderiram ao movimento.
A primeira vitória desse grupo político pernambucano se deu ainda em 1845, quando o liberal Antônio Pinto Chicorro da Gama foi eleito como governador provincial. A exaltação do grupo liberal em Pernambuco instigou o governo a destituir Chicorro. Em seu lugar, Dom Pedro II indicou um político conservador mineiro. Dessa forma, houve uma radicalização do movimento com a formação de um levante armado, em novembro de 1848.
A deflagração do conflito se iniciou na cidade de Olinda, e logo em seguida se estendeu para a região interiorana com o apoio de boiadeiros, arrendatários, negros e mulatos. Liderados por Pedro Ivo, os revoltosos se dirigiram à cidade de Recife, local dos maiores conflitos aramados. No início de 1849, as lutas entre os praieiros e as tropas do governo se desenvolveram, com posterior vitória das forças imperiais. A falta de apoio das regiões vizinhas e o poderio bélico imperial deram fim ao movimento.
Contrariando a tradicional repressão imprimida contra os rebelados, o governo de Dom Pedro II optou pela anistia de todos aqueles que estiveram envolvidos na revolta. Tal medida, na verdade, mostrava a postura política imperial naquele período. A lembrança das instabilidades vividas na regência servia de inspiração para que, sob o comando de Dom Pedro II, o equilíbrio entre as elites liberais e conservadoras fosse finalmente alcançado.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
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