Não sabe como escrever uma palavra? É com S ou com Z? Para esse tipo de dúvida, tão comum em português, deve-se entender que a língua tem, basicamente, dois sistemas de escrita: regular e irregular.
Muitas vezes, as grafias não podem ser explicadas por nenhuma regra, pois é a origem da palavra ou a tradição de uso que justificam a forma de escrever. Por exemplo, a palavra "hoje" é escrita com "h" devido à etimologia do termo, pois a forma latina é "hodie".
Em outras situações, no entanto, é possível prever a grafia, porque se pode "adivinhar" sua forma. Por exemplo: a palavra "português", que é escrita com "s" e não com "z". Logo, as outras palavras do mesmo grupo, como "francês", "japonês" ou "norueguês", são também escritas assim, com S!
Os adjetivos que indicam lugar de origem são escritos com "s" e não com "z". Verifique: português, portuguesa, portugueses, portuguesas, francês, francesa, franceses, francesas, norueguês, norueguesa, noruegueses, norueguesas, finlandês, finlandesa, finlandeses, japonês, japonesa, japoneses, japonesas... Amplie a lista e confirme a regra!
Veja mais exemplos na tabela a seguir. Vamos mostrar primeiro exemplos de casos irregulares.
Observe agora casos regulares que se aplicam a substantivos e adjetivos.
Para grafar corretamente os verbos também podemos recorrer às regularidades.
Para finalizar, vamos pensar nos casos de regularidades contextuais. Mas o que é isso, afinal? Vejamos um bom exemplo. Quando o som é nasal, na escrita podemos indicá-lo de diversas maneiras: "camponês", "canto", "anã", "linha".
A regularidade é chamada de contextual porque depende da posição da letra na palavra ou sílaba. No caso da nasalização, analise a tabela a seguir.
Então? Não é bom constatar que sabemos mais do que imaginávamos? É bem produtiva a compreensão das regularidades do sistema de escrita, não é verdade? Se descobrirmos o princípio que gera uma grafia, podemos inferir muitas outras formas relativas ao mesmo princípio... A nossa memória agradece!
*Alfredina Nery Professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua/linguagem/leitura.
Muitas vezes, as grafias não podem ser explicadas por nenhuma regra, pois é a origem da palavra ou a tradição de uso que justificam a forma de escrever. Por exemplo, a palavra "hoje" é escrita com "h" devido à etimologia do termo, pois a forma latina é "hodie".
Em outras situações, no entanto, é possível prever a grafia, porque se pode "adivinhar" sua forma. Por exemplo: a palavra "português", que é escrita com "s" e não com "z". Logo, as outras palavras do mesmo grupo, como "francês", "japonês" ou "norueguês", são também escritas assim, com S!
Os adjetivos que indicam lugar de origem são escritos com "s" e não com "z". Verifique: português, portuguesa, portugueses, portuguesas, francês, francesa, franceses, francesas, norueguês, norueguesa, noruegueses, norueguesas, finlandês, finlandesa, finlandeses, japonês, japonesa, japoneses, japonesas... Amplie a lista e confirme a regra!
Veja mais exemplos na tabela a seguir. Vamos mostrar primeiro exemplos de casos irregulares.
Dúvida
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Grafia correta
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Justificativa
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Como saber?
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“Homem” ou “omem”? | Homem | A origem da palavra é latina: “ homine”, com “h”. | Memorizar ou consultar dicionário |
“Casa” ou “caza”? | Casa | A origem da palavra é latina: “ casa”. | memorizar ou consultar dicionário |
Observe agora casos regulares que se aplicam a substantivos e adjetivos.
“Firmesa” ou
“ firmeza”? |
Firmeza
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Nos substantivos que derivam
de adjetivos, o final da palavra (sufixo) é “esa”: firme/firmeza. |
Levantar outros casos que
confirmam a regra: belo/beleza, bonito/boniteza, pobre/pobreza, rico/riqueza. |
“Famoso” ou “famozo”? | Famoso | Adjetivos com o sufixo “oso” escrevem-se com “s”. | Lembrar de outros casos: gostoso/ dengoso/ oleoso/ saboroso. |
“Chatice” ou “chatisse”? | Chatice | Substantivos com terminação “ ice” escrevem-se com “c”. | Lembrar de outros casos: doidice/meninice. |
Para grafar corretamente os verbos também podemos recorrer às regularidades.
“Falou”, “falol”
ou “falô”? |
Falou
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Verbos no passado, na terceira pessoa do singular, terminam em “ou”.
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Em posição final de
palavra ou sílaba, o “u” e o “l” concorrem. O verbo no passado, na terceira pessoa do singular, tem a terminação em “u”. |
“Cantaram” ou “cantarão”? | As duas formas podem estar corretas. | As duas formas estão na terceira pessoa do plural, mas cada uma indica um tempo verbal diferente. | No presente (“cantam”) ou no passado(“cantaram”), escreve-se com “m” no final. No futuro (“cantarão”), a nasalidade é marcada com “ão”. |
“Falar” ou “falá”? | Falar | Verbo no infinitivo | O nome dos verbos são escritos sempre com “r” final. |
“Pedisse” ou “pedice”? | Pedisse | Verbo no modo subjuntivo (que indica hipótese) tem a forma “isse”. | O sufixo “ice” é para substantivo (“chatice”) e a terminação “isse” é para verbo. |
Para finalizar, vamos pensar nos casos de regularidades contextuais. Mas o que é isso, afinal? Vejamos um bom exemplo. Quando o som é nasal, na escrita podemos indicá-lo de diversas maneiras: "camponês", "canto", "anã", "linha".
A regularidade é chamada de contextual porque depende da posição da letra na palavra ou sílaba. No caso da nasalização, analise a tabela a seguir.
Ocorrência de nasalização
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Regularidades
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homem, tatuagem, homenagem, triagem, tiragem, amém, também, ninguém | Em posição final de palavra, a nasalização do ditongo /ei/ é marcada na escrita com “m”. |
banda, cantar, andou, brincava, mansa camponês, também | Em posição final de sílaba, a nasalização é marcada com “n”. Atenção: antes das letras “p” e “b”, o som nasal é representado por “m” e não “n”. |
anã, manhã, sã, vilã, | Em posição final, a vogal nasal é marcada com til. |
linha, galinha, minha, tinha, latinha | O dígrafo “nh” também é marca de nasalidade (representa um fonema consonantal nasal). |
Então? Não é bom constatar que sabemos mais do que imaginávamos? É bem produtiva a compreensão das regularidades do sistema de escrita, não é verdade? Se descobrirmos o princípio que gera uma grafia, podemos inferir muitas outras formas relativas ao mesmo princípio... A nossa memória agradece!
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