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Gregório de Matos A obra do barroco satírico

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Esses versos satíricos são atribuídos ao poeta baiano Gregório de Matos Guerra, um dos maiores nomes do barroco no Brasil.

Atribuídos porque não se tem certeza se as poesias são mesmo dele, que nunca publicou sua obra. Os poemas talvez tenham sido copiados por amigos e admiradores e, recolhidos, por quem organizou o códice.

Ainda que o estilo dê indícios de que podem ser da mesma pessoa, não é possível ter certeza da autoria de um grande número de poemas que se atribuem a Gregório de Matos.

Matos era um boêmio, que vivia em grupos de amigos a tocar viola e recitar poesias, e tais companheiros podiam também ser autores e versar com ele.

Crítico da sociedade

Gregório de Matos Guerra nasceu de família rica, mas há dúvidas quanto a data de seu nascimento: 1623 ou 1633. Estudou Humanidades no Colégio dos Jesuítas, em Salvador (BA) e Leis, em Coimbra, Portugal, onde morou por muitos anos, trabalhando na magistratura. Desprestigiado na Corte, voltou ao Brasil em 1681, para o desespero dos moradores de Salvador.

Como está claro no fragmento acima, a persona lírica identifica-se com o próprio poeta, pois Gregório passou pela vida a criticar e ridicularizar os vícios, desmandos e torpezas dos colonizadores, da política local, da igreja católica, da nobreza, dos padres, dos governadores, dos comerciantes mercantilistas e da empáfia dos mulatos. Quase ninguém escapou das suas observações mordazes, por isso tornou-se popular, temido e odiado.

Contemporâneo de Vieira, não se importava com os índios, mas tinha um apreço especial pelas mulatas e assediava as freiras. Por estas razões adquiriu muitos desafetos, especialmente no meio político, o que lhe valeu a deportação para Angola, quando voltou em 1695, foi morar em Recife (Pernambuco), onde morreu um ano depois.

Um barroco tropical

Sua poesia pode ser considerada um exemplo muito peculiar de barroco brasileiro, visto que ele abrasileirou esse estilo europeu, tropicalizando o léxico com termos indígenas, africanos, locuções populares e gírias.

Ao mesmo tempo, soube usar bem as hipérboles, anáforas, antíteses, hipérbatos, paranomásias e todas as figuras de linguagem próprias do barroco.

Seus temas mais frequentes eram a religião, o amor, os costumes, reflexão moral e também o sensualismo e o erotismo, além da sátira social já referida. O poeta tinha a capacidade de aproximar conceitos distantes, por meio da descrição minuciosa. Encontrar e demonstrar tais semelhanças depende da capacidade analógica e engenho do autor e posteriormente, dos conhecimentos do leitor, das técnicas utilizadas na elaboração. E é nesta aventura prazerosa, tanto pelo cômico como pelas descobertas, que o leitor de Gregório é levado, ao mergulhar na sua poesia.


*Vilani Maria de Pádua é doutoranda em Teoria Literária/USP e mestre em Literatura Brasileira/USP.

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