sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Poluição sonora Quando o som vira barulho


Colégio Estadual Dinah Gonçalves
email accbarroso@hotmail.com        
         



Um tipo de poluição ainda é pouco discutido - e, muitas vezes, não nos damos conta do seu real impacto. Trata-se da poluição sonora.

A poluição sonora corresponde ao ruído provocado, por exemplo, por estradas movimentadas, trânsito urbano, fábricas, tráfego aéreo, construções, latidos de cachorros, escolas e eventos como shows e feiras. Cabe esclarecer que nem todo som é considerado poluição sonora.

O som corresponde às vibrações, originadas por alterações na pressão, que se propagam através de meios elásticos. Já o ruído, ou barulho, é definido como a presença de sons indesejáveis, fonte da poluição sonora.

Embora seja um problema cada vez mais comum na sociedade moderna, existem indícios de que os incômodos provocados pela poluição sonora são combatidos desde o século 7 a. C. Na Roma antiga já existiam regras para evitar que o barulho das carroças trafegando pelas ruas de pedra perturbasse o sono dos romanos.

Como ouvimos os sons?
Os sons, sejam eles agradáveis ou ruídos, são captados mecanicamente pelo ouvido e decodificados pelo sistema nervoso. As ondas sonoras são captadas pelo ouvido externo, composto pela orelha e pelo canal auditivo externo. Ao final do conduto auditivo existe uma membrana que vibra de acordo com a intensidade e freqüência do som, o tímpano. As vibrações do tímpano são transmitidas para um conjunto de pequenos ossículos articulados (martelo, bigorna e estribo), situados no ouvido médio.

O movimento desses ossículos promove a passagem do som do ouvido externo para o interno. A vibração dos ossículos age sobre uma câmara chamada de janela oval. No interior dessa cavidade existe um líquido, denominado perilinfa, no qual estão imersas células especiais. Essas células são dotadas de pêlos sensoriais que captam as vibrações no meio líquido, transformando-as em impulsos nervosos que são transmitidos para o sistema nervoso.

Proteção
No interior do ouvido médio existe um mecanismo de proteção da audição. Ele é composto pelos músculos tensores do tímpano e do estribo. Esse mecanismo é controlado pelo sistema nervoso. Quando as células nervosas detectam sons muito intensos, enviam sinais para que os músculos tensores se contraiam. Assim, os movimentos dos ossículos são dificultados, diminuindo a transmissão do som.

No entanto, esse mecanismo não é capaz de proteger nossos ouvidos de sons muito intensos e freqüentes. Por isso, indivíduos expostos a ruídos contínuos - por exemplo, operários de fábricas ou aeroportos - devem utilizar equipamentos, como tampões de orelha, que protejam os ouvidos e evitem danos à audição.

Efeitos na saúde humana
A exposição a fontes de poluição sonora pode provocar diversos efeitos negativos na saúde humana. Pode interferir na comunicação, provocar distúrbios no sono, irritabilidade, estresse, distúrbios psicológicos, problemas cardiovasculares, zumbidos no ouvido e danos à audição.

A Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 100 milhões de pessoas apresentam alguma espécie de dano provocado pela exposição a ruídos. A perda de audição, devido à exposição a ruídos, pode ser temporária ou irreversível. Uma das causas das alterações na audição é a degeneração das células nervosas do ouvido interno.

Atividades que requerem atenção e memorização também são profundamente afetadas pela presença de barulhos. Pesquisas indicam que os alunos de escolas próximas a fontes de ruídos apresentam uma concentração menor e uma maior dificuldade de aprendizado, quando comparados a alunos que estudam em locais silenciosos.

Ruídos e audição
A perda da audição pode ocorrer tanto devido à exposição breve a um barulho muito intenso, quanto à exposição contínua a ruídos de menor intensidade. Os ruídos que podem causar danos, mesmo em curtas exposições, são aqueles situados na faixa dos 140 decibéis (dB - decibel: unidade utilizada na medida da intensidade do som), como explosões ou a decolagem e a aterrissagem de aviões.

Os ruídos que podem causar danos quando o indivíduo é exposto de forma contínua são aqueles na faixa dos 85 dB, como o barulho de uma estrada movimentada ou a música de um show ou discoteca.

Mas não são apenas as fontes de barulho indesejadas que podem prejudicar nossa audição. Escutar música em fones de ouvido, por muito tempo e num volume alto, pode prejudicar seriamente o ouvido e a audição. A recomendação de especialistas é de que o limite tolerável para evitar danos está entre 65 e 70 dB.

Além de danificar a audição, barulhos curtos, porém altos e repentinos - por exemplo, uma explosão -, também podem ser uma fonte de estresse. Isso porque nosso organismo está adaptado a reagir de forma instintiva, passando rapidamente para um estado de alerta diante de sons muito altos. Esse é um mecanismo de defesa, também apresentado por diversos animais, que nos prepara para reagir frente a uma possível ameaça.

Porém, se formos expostos continuamente a tal situação, além de danos a audição podem surgir sintomas como ansiedade, elevação da pressão arterial, distúrbios psicológicos e até mesmo cardíacos.


Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr
O trânsito das grandes cidades é uma fonte de poluição sonora

Medidas de prevenção
Medidas de prevenção, como projetar motores de veículos mais silenciosos, construir aeroportos em locais afastados e investir em revestimentos acústicos para estabelecimentos como discotecas, fábricas e escolas são necessárias para reduzir os níveis de ruído das cidades.

Também é preciso repensar a arquitetura das residências, colocando os quartos nos locais mais silenciosos e plantando árvores e arbustos que forneçam alguma proteção acústica aos barulhos oriundos da rua.

Além disso, são necessárias campanhas para conscientizar a população sobre os perigos da exposição a ruídos e incentivar o uso de equipamentos de proteção por trabalhadores em locais de risco.
Alice Dantas Brites é professora de biologia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário