quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Os banquetes romanos

Os banquetes romanos

Rainer Sousa


Os banquetes eram uma das mais claras manifestações da riqueza do Império Romano.
A expansão dos territórios e a sistemática conquista de escravos fizeram com que Roma tivesse condições de consolidar um dos mais importantes impérios da Antiguidade. Nesse contexto, observamos o enriquecimento de uma classe de comerciantes, latifundiários e burocratas que fizeram amplo usufruto dessas riquezas. Entre tantas manifestações de luxo e poder, o banquete romano ocupava uma posição bastante privilegiada.

Os membros da elite romana organizavam esses eventos não apenas com a intenção de dedicar algumas horas ao prazer material. Organizar um grande banquete ou ser convidado para vários deles conferia o prestígio de um aristocrata. Não raro, a pompa dos banquetes era facilmente percebida na preparação de pratos exóticos. Marcus Gavius Apicius, por exemplo, gastou grandes quantidades de dinheiro organizando tais festas e adorava saborear língua de flamingo.

Geralmente, um banquete de requinte disponibilizava sete pratos aos integrantes do evento. Pastas, cogumelos e frutos do mar temperados integravam as entradas que aguçavam os sentidos dos convidados. Para o prato principal era indispensável a escolha de uma bela carne acompanhada por frutas, molhos e cebolas que sustentavam a variada gama de sabores a serem degustados. Ao fim, a sobremesa do banquete era composta por frutas, bolos quentes e flores.

Cercados por tantos comes e bebes, os convidados também tinham acesso a acomodações apropriadas ao grande evento. Vários leitos com encosto, conhecidos como tricliniuns, garantiam a instalação dos convidados. Naquela época, comer deitado era um ato que determinava uma condição social abastada. Apenas os menos afortunados e os escravos comiam sentados. Além disso, trajes específicos, penteados e joias eram obrigatórios para aqueles que desejavam expor a própria riqueza.

Não podemos nos esquecer que esses banquetes também se transformavam em grandes orgias onde os prazeres carnais também eram excessivamente consumidos. Para animar o evento, músicos mostravam suas habilidades tocando a lira, a chitara, castanholas de origem hispânica e tambores importados do norte da África. O cordax era uma das danças eróticas que despertavam a paixão entre os convidados. Nesse momento, a festa alcançava o seu auge.

Nesse agito todo, um grande banquete exigia que seu responsável contasse com um grande número de escravos. Normalmente, estes tinham a função de trocar os recipientes com água quente para lavar as mãos, espantar as moscas da comida e, em alguns casos, eram também utilizados como objetos sexuais dos convidados da festa. Quando a festa era de fato luxuosa, alguns escravos eram especialmente designados para acompanhar os convidados no retorno para casa.

Apesar de tantos excessos e liberdades, não podemos dizer que os banquetes eram incondicionalmente apreciados por todos os romanos. No século I, o jurista Antius Resto criou uma lei que limitava o gasto com os banquetes e controlava quais casas poderiam ser visitadas pelos magistrados romanos. Ao fim, a chamada Anita Lex só foi cumprida pelo pobre jurista que, segundo o relato do pensador Macrobius, nunca mais foi visto em nenhum desses jantares.

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