quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

O aquecimento na Idade Média

O aquecimento na Idade Média

Rainer Sousa


O aquecimento na Idade Média influiu em vários fatos de natureza histórica.
Atualmente, os noticiários e pesquisadores demonstram uma séria preocupação para com as temperaturas médias do planeta. Segundo dados recentes, caso os fatores que contribuem para o aquecimento global não cesse, a Terra estará quatro graus mais quente no final do século XXI. Com isso, projetam-se uma enorme gama de mudanças climáticas e catástrofes naturais que transformariam a vida terrestre radicalmente.

Entretanto, alguns cientistas ainda não se mostram definitivamente convencidos sobre o futuro do nosso clima. Realizando um complexo entrecruzamento de indícios e dados, esses cientistas alegam que o mundo já sofreu um processo de aquecimento geral durante a Idade Média. Para que chegassem a essa conclusão, os estudiosos buscaram vestígios nos icebergs, corais e plantas impactados pela temperatura daqueles tempos. Além disso, também realizaram uma importante avaliação de fatos históricos.

A partir do século IX, podemos notar que várias transformações climáticas influenciaram fortemente no destino de alguns povos. No continente americano, por exemplo, a próspera civilização maia enfrentou um rigoroso ciclo de secas que contribuiu para o desaparecimento desta antiga civilização. De forma semelhante, várias tribos nativas do atual sul dos EUA sofreram um processo diaspórico em busca de terras férteis e clima ameno.

No continente asiático, essa mesma falta de chuvas interrompeu um antigo ciclo populacional dos mongóis. De tempos em tempos, o povo mongol se deslocava entre as porções norte e sul da Ásia Central em busca de melhores condições de vida. Com a instalação de uma prolongada seca, este povo se viu obrigado a invadir o território europeu. Por volta de 1230, cidades russas, italianas e germânicas tiveram de resistir à fúria dos soldados mongóis.

Contudo, não podemos dizer que as implicações na elevação das temperaturas só tiveram implicações de traço negativo. Graças ao aquecimento, os vikings puderam realizar novas expedições marítimas pelo Mar do Norte. Por volta de 985, encontraram as tribos esquimós que habitavam a Groelândia e realizaram as primeiras trocas comerciais com essa população.

Na Europa Feudal, o aquecimento foi acompanhado pelo aprimoramento das técnicas agrícolas empregadas. A conjunção destes fatores permitiu que os feudos produzissem uma quantidade maior de alimentos. Dessa forma, observamos a produção de excedentes que intensificaram o contato com as cidades e o incremento geral das populações da Europa. Sem dúvida, o renascimento urbano-comercial da Baixa Idade Média não teria o mesmo ritmo sem a intervenção deste fenômeno climático.

Ao observar o aquecimento medieval, podemos compreender que a elevação das temperaturas será fator determinante na remodelação de nossos hábitos de vida e consumo. Ao mesmo tempo, existe uma clara possibilidade de que transformações de âmbito positivo e negativo transformem o mundo da maneira que o reconhecemos. De qualquer forma, podemos ver que não é de hoje que o homem se consome com as incógnitas de seu porvir.

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